sexta-feira, 10 de setembro de 2021

A inflação saiu do controle

 

O Governo perdeu o controle da inflação. O dragão da inflação saiu da caverna e cospe seu fogo pelo país já arrasado pela pandemia, pelo desemprego e pela fome. Ao invés de combatê-lo, o presidente coloca lenha na fogueira e incendeia ainda mais o país já prejudicado pelas queimadas e escassez de água. Enquanto isso, a Conab mais uma vez reduz a estimativa da safra de grãos, indicando que os tempos de vacas magras devem perdurar até que alguma providência seja tomada¹. E dificilmente será neste governo.

O IPCA divulgado nesta quinta-feira (09) pelo IBGE mostra que a inflação acumulada em 12 meses cresceu 8% em relação a julho. O mais alarmante é que a inflação, que no ano passado se concentrava no preço dos alimentos, agora se alastra para outras áreas. O gráfico abaixo mostra o índice geral e também a dinâmica dos preços livres, do núcleo monitorado (energia, gasolina, água, etc.), alimentos e bebidas, bens duráveis (carros, casas, etc.) e semiduráveis (linha branca, e outros).


A alta generalizada levou o Banco Central a elevar os juros (taxa Selic), movimento que deve ser acentuado nos próximos meses. O remédio é amargo. A alta dos juros deve derrubar a fraca atividade econômica e já faz com que alguns analistas revejam de 2% para 1% o crescimento em 2022, quando se realizarão novas eleições para presidente da República.

Neste cenário, o desemprego deve continuar em um patamar alto, com mais de 14 milhões de desempregados(as) e outros 7,5 milhões de trabalhadores(as) com jornadas inferiores a desejada para completar a renda. O crescimento do emprego se concentra, principalmente, na ocupação informal e temporária.

No cenário que está se consolidando, ou o governo muda completamente seu comportamento e tem consciência da gravidade da situação e articula esforços para a superação da crise, ou os efeitos serão ainda mais devastadores e levará muito tempo para recuperação, inclusive no médio prazo.

¹ “O volume de produção de grãos no país é estimado, atualmente, em 252,3 milhões de toneladas, redução de 1,8% sobre a Safra 2019/20 e 1,7 milhão de toneladas inferior à estimativa do décimo primeiro levantamento realizado em agosto deste ano.” CONAB. Acompanhamento da Safra Brasileira de Grãos, Brasília, v. 8, safra 2020/21, n. 12, setembro. 2021

FONTE: Subseção do Dieese/CONTAG


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