O pedido para que bispos e sacerdotes dessem o exemplo de pobreza e humildade, privilegiando as pessoas em vez das coisas, desta vez foi feito pelo Pontífice ao anunciar o Dia Mundial de Oração e Jejum pelo Líbano, durante a Audiência Geral de quarta-feira (2). O encorajamento, sempre renovado por Francisco, de uma “Igreja pobre para os pobres”, porém, não é novidade, afirma Pe. Júlio Lancelotti que trabalha com a população de rua de São Paulo, mas resultado de “uma surdez diante dos apelos do Evangelho”.
Andressa Collet - Vatican News
O Padre Júlio Lancelotti “não entenderia a sua vida” sem conviver diariamente com a população de rua até o ponto de afirmar que, sem eles, “faltaria uma parte importante na minha identidade”. Mesmo fazendo parte do grupo de risco, já que tem 71 anos, a pandemia da Covid-19 não o impediu de continuar ajudando os moradores pobres que vivem pelas ruas de São Paulo, uma população que tem aumentado exponencialmente nos últimos meses no Brasil. Antes da pandemia, segundo afirma o sacerdote, já tinha aumentado em 50%.
A Igreja para os pobres no Brasil
O testemunho de vida de Pe. Lancelotti ilustra a “Igreja pobre para os pobres” tão encorajada pelo Papa Francisco e que, mesmo assim, tem enfrentado resistências até mesmo dentro da própria Igreja. Segundo o sacerdote, é resultado de “uma surdez diante dos apelos do Evangelho”, porque o que o Pontífice pede, não é novidade, já foi exortado por “São João XXIII, no Concílio Vaticano II, e por padres, como São João Crisóstomo e Eusébio de Cesareia. São Francisco de Assis pede e vive assim”, acrescenta ainda Pe. Lancelotti:
"É sempre um grande esforço voltar às comunidades primitivas de Jesus de Nazaré no mundo de hoje - uma Igreja voltada para os pobres. É importante lembrar isso para aqueles que ficam com nostalgia da cristandade, o próprio Papa Bento XVI, na abertura da Conferência de Aparecida (V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe de 2007), diz que a opção pelos pobres é intrinsecamente ligada à cristologia católica. Então, não tem como entender o catolicismo, o cristianismo, sem a opção pelos pobres."
A exortação do Papa ao zelo apostólico
O próprio Papa Francisco, ao anunciar o Dia Mundial de Oração e Jejum pelo Líbano, durante a Audiência Geral de quarta-feira (2), novamente exortou à Igreja – em especial naquele país – a dar o exemplo a partir da humildade cristã. O Pontífice voltou a salientar a importância de se valorizar o ministério sacerdotal através do zelo apostólico, de se colocar a serviço da comunidade, onde quer que seja, de maneira discreta, privilegiando as pessoas em vez das coisas. E o Papa também citou São Francisco de Assis:
“Queridos pastores, bispos, sacerdotes, consagrados e consagradas, leigos, continuem acompanhando os fiéis. E vocês, bispos e sacerdotes, peço zelo apostólico, peço pobreza, nenhum luxo, pobreza com o povo pobre de vocês que está sofrendo. Deem o exemplo de pobreza e humildade. Ajudem os fiéis e o povo a se erguerem e a serem protagonistas de um novo renascimento. Sejam todos agentes de harmonia e renovação em nome do interesse comum, de uma verdadeira cultura de encontro, de viver juntos em paz, de fraternidade. Uma palavra tão querida a São Francisco: fraternidade. Que esta harmonia seja uma renovação no interesse comum. Sobre essa base podemos assegurar a continuidade da presença cristã e a inestimável contribuição de vocês para o país, para o mundo árabe e para toda a região, num espírito de fraternidade entre todas as tradições religiosas que existem no Líbano.”
Colaboração: Pe. Luis Miguel Modino
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