terça-feira, 31 de agosto de 2021

Padre Humberto Lindelauf: o legado de um homem de fé

 

Resgatar o legado de modernidade, fé e cultura. Uma missão que marca a pesquisa histórico-biográfica do padre Humberto Lindelauf na cidade de Itaperuna, Noroeste do Estado do Rio de Janeiro. Essa epopeia é o desafio do universitário João Pedro Dutra, aluno do 7º Período do Curso de História no Centro Universitário São José de Itaperuna. Rever páginas, espaços e depoimentos para traçar um perfil do grande arquiteto da modernização na cidade com marcas e pegadas por toda a cidade.

Ricardo Gomes – Diocese de Campos

“Resgatar a memória do padre Humberto, como eu venho intentando ao longo desta pesquisa histórica, é revelar a grande importância deste sacerdote à Diocese de Campos e em específico, ao município de Itaperuna! É, para além disto, polir um grande espelho de vida; Pe. Humberto foi e será para sempre, um exemplo às gerações!”. João Pedro Dutra.

Resgatar a memória do padre Humberto, é resgatar um tempo histórico importantíssimo para o município, Itaperuna, é entender as transformações e a construções que constituem a história da cidade. Entender o protagonismo e o legado do sacerdote que deixou sua marca. Para o universitário e urgente o resgate dessas histórias.  Precisamente por isto, faz-se necessária e urgente a produção acadêmica sobre o Sacerdote. O universitário conta o desafio de levantar informações do trabalho do religioso e o legado deixado na cidade.

Durante estes anos de Pesquisa, pude perceber dois pontos basilares que se configuram como obstáculos desafiadores: a discrição pessoal do Sacerdote e a falta de interesse das Instituições locais. O primeiro obstáculo representa para o pesquisador, já inicial escassez de fontes. Padre Humberto raramente mencionava em documentações e diálogos sobre sua vida pessoal na Alemanha, carreira profissional e até mesmo educação religiosa; o seu gênio literário repousou esquecido justamente devido a esta característica marcante do alemão. O segundo obstáculo é indubitavelmente o mais desafiador. Enquanto a grande maioria das pessoas que conheceram Padre Humberto em vida se disponibilizam com grande felicidade a contribuírem com a Pesquisa, as Instituições religiosas e civis em Itaperuna, em sua maioria, apresentam grande resistência em abrir suas portas, apesar dos meus esforços incansáveis”, revela João Pedro.

“A luta do padre Humberto em trazer um Curso Universitário contribuiu para a atual modernização de Itaperuna, uma vez que hoje, grande parte da nossa economia gira em torno das Faculdades. Não há como dizer que Padre Humberto era moderno.” João Pedro Dutra.

Revelar o legado do sacerdote

“O ofício do historiador é resgatar o valor do passado e, na minha percepção, Pesquisas como esta, que se dedicam a compreender o local de importância de figuras históricas, encontram o seu valor na possibilidade de conceder àqueles e àquelas que fazem parte desta história, quer no presente, quer no futuro próximo, maior entendimento de sua identidade. Resgatar a memória de Padre Humberto, é resgatar um tempo histórico importantíssimo para nosso município, Itaperuna, é entender as transformações e a construção do nosso berço. Precisamente por isto, faz-se necessária e urgente a produção acadêmica sobre o sacerdote”, conta.

Histórias de vida e de fé

“Deparei-me com cartas pessoais do padre Humberto que revelavam sua frustração em muitas empreitadas pelo fato de ser estrangeiro. Este detalhe em pouco desanimou o ímpeto do Sacerdote, pelo contrário, o fez alçar sonhos e concretizá-los com maestria. Sempre preocupado com a juventude, que encontrava, assim como ele, barreiras em Itaperuna, lutou para edificar o Ginásio São José e a Faculdade de Filosofia (atual Centro Universitário São José de Itaperuna). Padre Humberto lutou no âmbito social em plena Ditadura Militar e seu esforço hoje é visto na modernização de Itaperuna, que graças ao seu primeiro passo, é uma cidade universitária com referências acadêmicas. Acredito que nós, jovens itaperunenses, podemos nos espelhar nesse testemunho; lutar contra as figuras de opressão e garantir nossos espaços na sociedade é o caminho para garantir nossa emancipação, nossa liberdade de vida, de vida plena, em Itaperuna, cidade que apesar dos avanços, ainda se encontra presa ao obscurantismo dos preconceitos, das intolerâncias e das inúmeras faces do conservadorismo”, destaca João Pedro.

Um sacerdote e visionário que em sua luta buscava a modernidade para a cidade do Noroeste Fluminense. Uma luta marcada por sucessos e até frustações e uma história silenciada no tempo e que ganha destaque na pesquisa do universitário. João Pedro Dutra representa uma geração de jovens que buscam revelar a história e as pegadas do padre Humberto.


Padre Humberto Lindelauf foi um grande homem e, apesar de ser alemão, talvez tenha sido o maior itaperunense - de coração - que o nosso município conheceu até os dias atuais. Homem de gênio forte e inquieto, como ele mesmo se definiria em carta ao bispo da época, Dom Antônio de Castro Mayer, ocupou sua mente ativa desenvolvendo inúmeras contribuições sociais, religiosas e políticas em Itaperuna. Ingressou na Diocese de Campos em 1945, vindo do interior de São Paulo, para tomar posse como Pároco em Varre-Sai, após a saída (por motivos de doença pela avançada idade) do Pe. José Zimmermann. Pouco depois, em 1947, chegou em nossa cidade, de igual maneira, por desfalque no clero local. E aqui, ficou! Durante 22 anos, organizou a Congregação Mariana, deu às Irmãs um Convento e ao clero, uma Casa Paroquial, construiu a atual Matriz São José do Avahy, reformou a Capelinha do Aeroporto (atual Paróquia Nossa Senhora das Graças), reformou a Paróquia Santa Rita, ampliou a São Benedito e edificou a Nossa Senhora do Rosário de Fátima; esta última, localizada no então bairro dos operários, Vinhosa, setor trabalhista que recebeu forte atenção do sacerdote. Não se limitando apenas ao campo religioso, fundou o Ginásio Orientado para o Trabalho São José, a Fundação São José (com o Curso Universitário de Filosofia), o Asilo Santo Antônio dos Pobres, o Patronato e, teve forte presença em obras como o Seminário Diocesano, o Cristo Redentor, o Hospital São José do Avahy, a Companhia Telefônica, Sindicatos Trabalhistas e Clubes de Lazer para os trabalhadores. Como se não bastasse, de forma muito particular, como era característico deste homem reservado e sério, escreveu vários livros no idioma alemão, publicados em sua terra natal, com temáticas infantis ambientadas em solo brasileira


A sua formação na Arquitetura não lhe distanciava do mundo das Letras; na verdade, Padre Humberto era um grande artista: Para além das obras arquitetônicas, o sacerdote era compositor sacro, cantor, organista e por algumas vezes, revelou seus dons para a dança e o balé. Como se não bastasse a sua importância em vida, mediante todo o exposto até agora neste texto, Pe. Humberto aparentemente segue mantendo seu gênio ativo após a morte: Inúmeros foram os relatos que, ao longo de entrevistas durante minha pesquisa, detalham causos miraculosos: curas, gravidez em pessoas inférteis, aparições misteriosas, etc.

“Seria ele, além de um grande sacerdote, um grande santo? De todo modo, santo - no sentido da dignidade dos altares - ou não, Pe. Humberto viveu a essência do Evangelho, combateu o bom combate, defendeu a Fé, revelou-nos a caridade evangélica e nos dá exemplos eternos de valores cívicos, religiosos e humanos! Resgatar a memória de Pe. Humberto, como eu venho intentando ao longo desta pesquisa histórica, é revelar a grande importância deste sacerdote à Diocese de Campos e em específico, ao município de Itaperuna! É, para além disto, polir um grande espelho de vida; Pe. Humberto foi e será para sempre, um exemplo às gerações!” conclui João Pedro Dutra.



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