terça-feira, 31 de agosto de 2021

Venezuela: Guarda Nacional Bolivariana impede ajuda humanitária, denunciam bispos

 A denúncia é de Dom Moronta e do auxiliar Ayala, da Diocese de San Cristóbal. Os prelados expressam total solidariedade e apoio ao cardeal Baltazar Porras, ao auxiliar Rojas, ao presbitério e a toda a paróquia da Igreja arquidiocesana de Mérida.

Um fato constrangedor e lamentável: é assim que os bispos da Diocese de San Cristóbal em Táchira definem a atuação dos funcionários da GNB (Guarda Nacional Bolivariana) que, como denunciam os prelados em comunicado precedido das palavras do Profeta Amós (5, 11.12), procuraram impedir a ajuda levada pelo bispo auxiliar e pelo pessoal da Caritas e de outras instituições às vítimas que sofreram com as inundações e deslizamentos que causaram mortes, feridos e perdas materiais.

Dom Mario del Valle Moronta e Dom Juan Alberta Ayala expressam sua "total solidariedade e apoio ao arcebispo, cardeal Baltazar Porras, ao bispo auxiliar, Dom Luis Enrique Rojas, ao presbitério e a todos os paroquianos da Igreja Arquidiocesana de Mérida".

Vimos - denunciam os prelados - como o pessoal da Guarda Nacional Bolivariana está dificultando o trabalho humanitário e de caridade social que se realiza com os habitantes do Vale dos Mocotíes. E acrescentam: “Ficamos fortemente impressionados com a forma como os funcionários da GNB tentaram impedir o recebimento de ajuda destinada às vítimas e que havia sido levada pelo bispo auxiliar e por funcionários da Caritas e outras instituições. Não é segredo que, desde a última sexta-feira, nos chamados postos de controle, especialmente em La Victoria, antes de chegar a Tovar, funcionários da GNB proíbem a passagem de ajuda humanitária que chega de Mérida e de outras dioceses do país”.

Basta, até quando?

 

Os bispos de San Cristóbal também relatam que "os funcionários dizem que receberam uma ordem superior, mas nada aparece por escrito e nem o rosto" de quem ordenou. E eles continuam também interpelando funcionários do governo:

 

O que está acontecendo é uma vergonha e é o reflexo de uma situação que se tornou habitual em todas as alcavalas e postos de controle em todos os cantos do país e em todas as suas estradas. Diante dessa atitude, a indefesa das pessoas é total. Será que algum dia essa má prática vai acabar? Onde estão os princípios éticos e morais que dizem receber nos Institutos de formação? Mais ainda, onde fica o juramento de defesa do povo e dos seus direitos que fazem perante a Bandeira e a Constituição Nacional? O clamor de muita gente é “Chega, até quando?!”

Em nome de Deus, fiquem ao lado do povo!

 

Poderia ser inútil - continuam os bispos venezuelanos - apelar à consciência de funcionários que, longe de servirem ao bem comum e aos fracos e derrotados, estão a serviço de uma parcialidade política e de interesses muito distantes da verdade e da dedicação ao povo.

Em nome de Deus, fazemos um chamado a esses funcionários para que se coloquem, de uma vez por todas, ao lado do povo de onde saíram e do qual fazem parte suas famílias. Por que aumentar o sofrimento e o desespero de um povo atingido por uma tragédia, atendendo supostas ordens superiores desconectadas do bem comum do povo?

Elevamos nossa voz de protesto e de desaprovação diante dessa conduta, dizem os prelados venezuelanos. “Esperamos que tudo isso seja corrigido, bem como a má atenção dispensada aos cidadãos em muitos locais (postos de controle, postos de gasolina, etc.). É necessária uma mudança de comportamento: oxalá que o tratamento dos mais vulneráveis, indefesos e fracos seja feito com respeito, tendo em conta a dignidade humana de cada cidadão.

Apelo aos sacerdotes, religiosos, leigos e pessoas de boa vontade

 

Por fim, os prelados pedem a todos os sacerdotes, religiosos, leigos da diocese e pessoas de boa vontade “que façam ouvir a sua voz de protesto diante dos abusos que estão sendo cometidos não só contra o bispo auxiliar de Mérida, os sacerdotes e membros da Caritas arquidiocesana mas, sobretudo, a tantos homens e mulheres daquela bela região que atravessam uma situação difícil”. E o primeiro vice-presidente da CEV continua:

Ao mesmo tempo, peço, em nome de Deus e de tantos de nossos irmãos que se sentem indefesos, os Capelães Militares de nossa Diocese de San Cristóbal que falem aos Oficiais Superiores e ao pessoal a quem servem sobre o que está acontecendo e como devem agir a favor dos irmãos sem distinção ou condição. Os Capelães da GNB devem fazer, o quanto antes, um plano de formação em valores éticos e morais que permita aos integrantes desse Componente atuar de acordo com o que está estabelecido na Constituição e com os princípios do Evangelho. Não há desculpa para não o fazer, pois faz parte de sua missão como sacerdotes.

“Ao Santo Cristo da Grita - concluem os prelados - imploramos a sua graça, para que seus braços amorosos sustentem e fortaleçam os irmãos em dificuldade. E María de Los Andes, nas suas várias invocações, seja consolo para todos. Garantimos a nossa oração por todos os irmãos Mérida, com a reiteração da nossa comunhão fraterna e solidária”.

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