sábado, 4 de julho de 2020

“Precisamos retomar”, diz presidente da Fiern



Empresário do ramo de panificação, Amaro Sales vem construindo ao longo dos últimos anos uma trajetória relevante à frente da Federação da Indústria do Rio Grande do Norte (Fiern).

Sob sua gestão, um dos mais completos diagnósticos já realizados sobre as potencialidades do Estado nasceu e vem sendo atualizado, apontando os setores mais importantes para se investir.

O problema é que a pandemia do novo coronavírus retardou todo esse processo, abatendo a confiança do setor produtivo.

Nesta entrevista, Amaro Sales fala dos problemas causados pela crise sanitária e da baixa no moral dos empresários com a queda brutal na demanda, mas sinaliza que tempos melhores podem vir na esteira da crise.

AGORA RN – A taxa de confiança dos empresários potiguares desabou com a pandemia do coronavírus. Como é possível reverter uma situação tão delicada?

AMARO SALES – A gente não tem como prever diante deste cenário de pandemia – primeiro sanitária e depois econômica -, mas eu sou otimista e acredito que, depois desta reabertura das atividades econômicas, possamos ver esse índice de confiança do empresariado da indústria ser retomado. O empresariado está meio descontente com a falta de pedidos à indústria, mas agora, depois dessa retomada, pode ocorrer de a indústria voltar a aquecer sua produção.

AGORA – Com a escalada do desemprego, a reclamação generalizada é que os micro, pequenos e médios negócios não têm tido acesso a linhas de crédito. Como o senhor vê esse problema?

AS – Os bancos precisam entender que crédito para micro e pequena empresa tem que ser imediato. Os bancos continuam burocratas, exigindo documentos que não existem e continuam com sua velha política: emprestar a quem não precisa. Precisamos dar um basta nisso. A livre concorrência é quem vai fazer isso acontecer. Entendemos que o sistema bancário brasileiro, com apenas cinco grandes bancos, não dá oportunidade para que os clientes, sejam eles micro, pequeno ou médios, possam escolher o seu tomador. Acredito que esta pandemia econômica, principalmente na questão do crédito, só terá um fim se o Governo Federal abrir as portas para que o crédito internacional possa chegar no Brasil. E também incentivar as cooperativas de crédito e as operadoras digitais, as fintech.

AGORA – A Fiern reuniu, anos atrás, empresários para financiar um estudo sobre as grandes potencialidades do RN até 2023. Esse estudo ainda é atual depois dessa pandemia?

AS – O estudo foi atualizado em 2018 e está sendo atualizado mensalmente. A nova versão digital foi lançada agora, na véspera da pandemia, e o Mais RN vai continuar sendo atualizado. Ele será a grande ferramenta para os investidores identificarem oportunidades dentro do Rio Grande do Norte. O Mais RN é o maior documento apolítico criado para o desenvolvimento do estado documento. O governo do estado tem discutido e participado para que a gente possa tornar operante. Inclusive, ele está dando uma grande contribuição nesta pandemia, fornecendo dados em parceria com o Lais e a Thémata.

AGORA – O senhor avalizou uma série de protocolos de retomada das empresas. Acontece que estamos no pico dos contágio e mais de 900 mortes esta semana no RN. O senhor acha que essa crise sanitária veio para ficar por mais tempo?

AS – A crise sanitária veio para o mundo, não é só um privilégio do Rio Grande do Norte. E aconteceu em locais com maior e menor intensidade. Neste momento é vital acompanhar a taxa de transmissibilidade, de leitos disponíveis, de óbitos. A sinal de perigo, medidas imeatas terão de ser tomadas. A FIERN trabalhou intensamente para abertura de novos leitos, abertura de novos hospitais abertura de novas UTIs – claro que tudo isso dentro dos recursos estadual federal e de um amplo projeto de Estado da Secretaria Estadual de Saúde

AGORA – Em poucas palavras, o que o senhor diria aos integrantes do setor produtivo neste momento tão delicado?

AS – Precisamos retomar e precisamos ter cuidado com a vida. Precisamos ter responsabilidade com a vida e com a proteção individual de cada funcionário, que precisa usar seus equipamentos de proteção, lavar as mãos com água e sabão e passar álcool em gel. A recomendação que nós temos a fazer aos empresários é que encaremos que esta pandemia não vai embora agora. A gente vai conviver por algum tempo com ela. Então, nada melhor do que as precauções e atender aos protocolos exigidos pelas instituições de saúde. Eu acredito que será dolorido, mas vamos ter que sair desta crise com certeza. Que Deus nos ajude!

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