O
presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros (PMDB-AL),
não pretende imprimir um rito sumário ao processo de impeachment,
aprovado na Câmara dos Deputados; Renan será pressionado pelo vice
Michel Temer, pela oposição e por meios de comunicação interessados na
cassação imediata da presidente Dilma Rousseff, mas já disse que "não
irá manchar sua biografia"; a amigos, ele revelou que não repetirá a
história de Auro de Moura Andrade, que declarou vaga a presidência da
República, quando João Goulart foi deposto pelos militares; ex-militante
do PCdoB, Renan se vê diante de um desafio histórico: o de encontrar
uma saída política para a crise, preservando a democracia; em relação ao
impeachment, ele já disse que "sem crime de responsabilidade é golpe"
Aprovado
na noite de ontem na Câmara dos Deputados, o golpe parlamentar contra a
presidente Dilma Rousseff passa agora para a apreciação do Senado,
presidido por Renan Calheiros (PMDB-AL). Um dos políticos mais
experientes do País, ele será bombardeado, nos próximos dias, por
pressões de parlamentares da oposição, empresários e meios de
comunicação interessados na cassação sumária da presidente Dilma
Rousseff.
No
entanto, nada indica que Renan agirá com a pressa do deputado Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), que fez correr o calendário da Câmara, para que o golpe
parlamentar fosse votado numa tarde de domingo, sem futebol da Globo.
Ex-militante do PCdoB na juventude, Renan ainda se vê como um político
de esquerda e que tem, agora, a missão mais importante de sua vida:
encontrar uma saída política para a crise, preservando a democracia.
Renan
já fez duas declarações públicas importantes sobre o processo de
impeachment. Disse que "sem crime de responsabilidade é golpe" e também
que "não irá manchar a sua biografia". A amigos, ele revelou que jamais
irá repetir a história de Auro de Moura Andrade, que declarou vaga a
presidência da República após a deposição de João Goulart pelos
militares, e foi chamado de "canalha" por Tancredo Neves.
O
senador alagoano também imagina que a votação em plenário da presidente
Dilma Rousseff ocorrerá no mês de junho apenas, ou seja, bem depois do
calendário de 11 de maio que a oposição, liderada pelo senador Aécio
Neves (PSDB-MG), pretende fixar. Renan pretende dar a Dilma todas as
oportunidades de defesa, para que o processo no Senado não seja
contaminado como na Câmara – motivo de vergonha internacional.
Até
lá, Dilma será presidente da República, preservando todas as suas
funções. Mesmo se vier a ser afastada pelo plenário do Senado, será de
forma temporária, podendo retornar ao fim de um julgamento presidido
pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski. Ao
retornar a Brasília, nesta segunda-feira, o primeiro gesto de Renan
deverá ser, justamente, uma visita a Lewandowski.
Brasil 247
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