Até o fim, o processo contra Dilma ainda poderá passar por cinco
votações no Senado: duas em comissões especiais e três no Plenário .Com
sua admissibilidade aprovada na Câmara dos Deputados, o processo de
impeachment da presidente Dilma Rousseff chegou, nesta segunda-feira
(18), ao Senado Federal. Se os senadores acatarem o pedido e instaurarem
de fato o processo, a Casa será palco de um julgamento a ser presidido
pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski.
Até
o julgamento final, alguns passos precisam ser dados. Após o
recebimento do processo, a expectativa é que a leitura do texto no
Plenário seja feita nesta terça-feira (19) e, em seguida, seja eleita a
comissão especial que vai analisar se aceita ou não o pedido da Câmara
para abrir processo de impeachment contra Dilma. O colegiado terá dez
dias para apresentar um parecer, que será aprovado se tiver o apoio
damaioria simples dos membros.
Se for aprovado na comissão, o
texto ainda precisa ser votado em Plenário pelos 81 senadores, o que
deve ocorrer até o fim da primeira quinzena de maio. É a fase de
admissibilidade da denúncia. Se o Senado aprovar a abertura do processo,
por maioria simples, a presidente Dilma Rousseff é afastada do cargo.
Nesse caso, assume interinamente o vice-presidente, Michel Temer.
Testemunhas e provas
O
afastamento de Dilma poderá durar até 180 dias. Nesse período, uma
comissão se reúne para ouvir testemunhas, coletar provas e comprovar ou
não as acusações feitas perante a Câmara dos Deputados. É a fase de
pronúncia. Feito isso, o colegiado vota o parecer que, para ser
aprovado, precisa novamente de apoio da maioria simples de seus
integrantes.
Se for aprovado nessa segunda votação em comissão, o
parecer (sentença de pronúncia) é lido e votado pelo Plenário do
Senado. Mais uma vez, para ser aprovada a sentença precisa de apoio da
maioria simples.
O julgamento
O julgamento final ocorrerá no
Plenário do Senado, em sessão presidida pelo presidente do Supremo
Tribunal Federal. O Senado funcionará como um tribunal, sendo os jurados
os 81 senadores.
Para aprovar o impeachment, são necessários 54
votos favoráveis (2/3 dos senadores). Se condenada, Dilma será deposta
de seu mandato e ficará inelegível por oito anos, passando
definitivamente o cargo ao vice, Michel Temer.
“Só nesta votação é
que os senadores vão decidir se a presidente da República será
afastada, se os fatos são graves o suficiente para isso, se os crimes de
responsabilidade de fato existiram e se ela ficará inabilitada por oito
anos para o exercício de cargos públicos, uma vez condenada”, explica o
consultor legislativo da Câmara Roberto Carlos Pontes.
Nesta
terça-feira (19), uma reunião de líderes partidários no Senado deve
discutir questões que ainda estão em aberto. Existe, por exemplo,
dúvidas sobre como contar o prazo da comissão especial, se em dias
corridos ou úteis.
Governo e oposição
Líder do DEM no Senado, o
senador Ronaldo Caiado (GO) acredita que o processo caminhará
rapidamente e que não há motivos para adiá-lo. Em sua avaliação, Dilma
Rousseff não tem mais condições de governar, o que foi confirmado pela
admissibilidade do impeachment na Câmara dos Deputados.
“Esse
governo é incapaz de produzir qualquer ato, já que não tem apoio
político. Não faz sentido procrastinar a decisão. A Casa que representa o
povo brasileiro mostrou, por mais de 2/3 dos deputados federais, que
realmente quer a votação do processo”, disse Caiado.
Diferentemente
de Caiado, o vice-líder do governo no Senado Lindbergh Farias (PT-RJ)
avaliou que a oposição entre os senadores não consegue maioria contra
Dilma. Ainda há, segundo ele, muitos indecisos e a opinião pública pode
influenciar os trâmites.
“Eles [a oposição] não têm 2/3. Se o
Michel Temer [vice de Dilma] assume a presidência da República, de cara
vai vir a ilegitimidade. O povo brasileiro está desconfiado disso. Eles
assaltaram o poder”, afirmou Lindbergh, que considera o impeachment uma
tentativa de golpe contra Dilma.
Reportagem – Noéli Nobre
Edição – Natalia Doederlein
fonte da camara noticias
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