O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Caicó convida todos os
trabalhadores(a) rurais para um ato público que vai ser realizado
juntamente com o Sindicato dos Servidores Públicos de Caicó e outras
instituições da cidade,estão organizando esse ATO contra a Reforma da
Previdência dia 31 de Março, com início as 8hs ao lado da escola Senador
Guerra na Praça da Alimentação, todos os trabalhadores estão estão
sendo convidados.
quarta-feira, 29 de março de 2017
FETARN em participam da Audiência Pública sobre reforma da Previdência
FETARN através do seu Presidente Manoel Cândido e Secretário Geral
Francisco de Assis, acompanhados dos Assessores Gilberto Silva e Expedito
Jorge nesse momento participam da Audiência Pública sobre reforma da
Previdência na Câmara Municipal de Caicó.




NOTA DA CONTAG SOBRE A “OPERAÇÃO CARNE FRACA”
A Confederação Nacional dos
Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares vem a
público manifestar sua preocupação com os desdobramentos da “Operação
Carne Fraca” deflagrada pela Polícia Federal, cujos reflexos atingem os
agricultores familiares que produzem para os sistemas integrados de
carnes de frango, suína e bovina que abastecem o mercado nacional e
internacional.
A CONTAG reafirma que é contra
qualquer esquema de suborno, fraude ou corrupção no sistema de
fiscalização na estrutura das grandes empresas frigoríficas que abatem,
processam e comercializam carnes e seus derivados para o mercado
nacional e internacional. A entidade cobra das autoridades competentes a
apuração dos fatos e a devida punição dos envolvidos pelos crimes
cometidos, sejam eles do setor público ou privado, assegurando à
população brasileira a lisura e a transparência no sistema de
fiscalização e controle do abate, beneficiamento e comercialização das
carnes produzidas em nosso País.
A CONTAG também cobra das autoridades
competes e do Diretor Geral da Polícia Federal maior rigor, compromisso e
responsabilidade na apuração e divulgação das ações de investigação
deste órgão. Para assim, evitar os espetáculos midiáticos que maculam e
agridem importantes setores produtivos que não são objeto de
investigação e que trabalham dentro dos parâmetros legais para o
fortalecimento da nossa economia.
Os reflexos decorrentes desta Operação
já são sentidos pelo setor produtivo com a retração no consumo de
carnes no mercado nacional e da suspensão dos contratos de importação de
carnes do Brasil que, por consequência, afetará milhares de
agricultores e agricultoras familiares que se dedicam à produção de
frango e suínos, sobretudo nos estados do sul do País.
A CONTAG segue atenta avaliando o
comportamento do mercado consumidor de carnes e cobrará medidas e ações
concretas do Governo Federal para minimizar os efeitos negativos sobre
as atividades dos agricultores e agricultoras familiares na produção de
frangos, suínos e bovinos para o abate. Não podemos conceber que mais
uma desastrosa ação das nossas instituições públicas afete a economia e
prejudique milhares de agricultores familiares que produzem alimentos
para o Brasil.
É preciso que o Governo Federal,
Governos Estaduais e as organizações do setor produtivo e do(a)
consumidor(a) de carnes aproveitem este momento para promover um debate
nacional sobre a sustentabilidade do sistema de produção de carnes
centrado nas mãos dos grandes conglomerados agroindustriais; sobre a
melhoria da eficiência do sistema de inspeção e fiscalização
compartilhada entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento e o Ministério da Saúde, com a participação da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA); sobre a valorização e
ampliação do sistema de inspeção e fiscalização sanitária pelos
municípios e estados e o fortalecimento do Sistema Unificado de Atenção à
Sanidade Agropecuária (SUASA), o fortalecimento da produção familiar de
carnes integradas às pequenas agroindústrias de beneficiamento e
processamento de carnes, com menor impacto ambiental, melhor
distribuição de renda nos estados e municípios e atendendo as exigências
do mercado, observando as tradições e cultura do(a) consumidor(a) local
e regional.
Melhorar o setor produtivo e
industrial para assegurar ao consumidor(a) brasileiro(a) e
estrangeiro(a) carne de boa qualidade depende dos órgãos públicos, do
setor agroindustrial e de nós, consumidores.
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FONTE: Diretoria da CONTAG | |
Para advogada, população está acordando para o debate da Reforma da Previdência
A advogada previdenciária Rafaela Cosme avaliou a audiência pública para debater a Reforma da Previdência como único para a sociedade caicoense, entidades sindicais e categorias profissionais, já que é preciso mobilizar à todos para que o projeto não seja aprovado.
Na explicação da advogada, a aprovação da reforma representa um retrocesso para o trabalhador, por isso ela conclama para que a classe política esteja ativa para cobrar das lideranças que essa proposta siga a diante . “O povo vai as ruas para cobrarem dos deputados que exerçam o seu papel de defender o melhor para a população“, disse doutora Rafaela.
Proposto pela vereadora Mara Costa, o evento aconteceu no plenário da Câmara de Vereadores de Caicó com a participação de Vereadores, deputado estadual Fernando Mineiros, entidades Sindicais, representantes da igreja católica e evangélica, além de outros convidados.
terça-feira, 28 de março de 2017
STTR DE CURRAIS NOVOS - ENTREGA CHAVES DE CASAS PELO PNHR PARA AGRICULTORES(AS) DO CAMPO
Nesta Segunda feira dia 27/03/2017, a partir das 8:00 horas, na sede do STTR DE CURRAIS NOVOS, Onde vai o STTR vai entregar as CHAVES DAS CASAS PELO PROGRAMA NACIONAL DE HABITAÇÃO RURAL, aos agricultores Familiares do municio de CURRAS NOVOS.
De acordo com a Presidente do STTR do município - DO CÉU, falou que esta conquista é de grande importância para os trabalhadores rurais, pois agora vai ter moradia digna e de qualidade.
OBS: parabens ao STTR DE CURRAIS POR ESTA CONQUISTA E LUTA PARA OS TRABALHADORES, pois tem muitos municípios que ainda não conseguiram este beneficio.
De acordo com a Presidente do STTR do município - DO CÉU, falou que esta conquista é de grande importância para os trabalhadores rurais, pois agora vai ter moradia digna e de qualidade.
OBS: parabens ao STTR DE CURRAIS POR ESTA CONQUISTA E LUTA PARA OS TRABALHADORES, pois tem muitos municípios que ainda não conseguiram este beneficio.
CASAS - PNHR
FAMILIA FELIZ COM O RECEBIMENTO DAS CASAS -
JUNTAMENTE COM A PRESIDENTE DO STTR - DO CEU
LATERAL DA CASA
CASA PNHR
FRENTE DA CASA
LATERAL DA CASA
SAÚDE NO BLOG: Aprovada oficialmente a vacina que pode curar o diabetes de forma definitiva

Foi no mês de fevereiro deste ano que a FDA anunciou que foi aprovado um teste de fase intermediário para a #vacina chamada ‘Bacilo Calmette-Guerin’ (BCG), que tem como objetivo, agir contra o diabetes ou até mesmo curar a doença de forma definitiva.
Os testes serão realizados em 150 adultos que estão em estágio avançado da doença, inicialmente para saber como a medicação age no corpo dos doentes a longo prazo. A notícia que já está sendo comemorada pelo mundo todo, foi divulgada pela Dra. Denise Faustman, na 75ª Sessão Científica da Associação Americana de #Diabetes. A médica atualmente é diretora e investigadora principal do Laboratório de Imunologia do hospital Geral de Massachusetts, que fica em Boston, nos Estados Unidos.
FONTE: Diário de Lajes Pintadas
Por determinação da Agência Nacional das Águas Dnocs reduz vazão na comporta da Barragem Armando Ribeiro Gonçalves
A vazão da água na comporta da Barragem Engenheiro Armando Ribeiro
Gonçalves que pereniza o rio Açu foi reduzida pelo Departamento Nacional
de Obras Contra as Secas (DNOCS), de 5 para 3,5 metros cúbicos por
segundo. A diminuição atende a uma determinação procedente da Agência
Nacional das Águas (ANA).
O reservatório localizado no Vale do Açu e que abastece cerca de 40 cidades do Rio Grande do Norte se mantém em situação crítica mesmo com as chuvas que fizeram a sua lâmina de água apresentar uma elevação de quase dois metros em menos de um mês. A informação é dada pelo engenheiro do DNOCS em Assú Rafael Mendonça.
fonte do blog de angicos news
O reservatório localizado no Vale do Açu e que abastece cerca de 40 cidades do Rio Grande do Norte se mantém em situação crítica mesmo com as chuvas que fizeram a sua lâmina de água apresentar uma elevação de quase dois metros em menos de um mês. A informação é dada pelo engenheiro do DNOCS em Assú Rafael Mendonça.
fonte do blog de angicos news
Governo quer dar 6 meses para estados e municípios reformarem Previdência

O presidente da República,
Michel Temer, quer dar um prazo de seis meses para que os governos estaduais e
municipais aprovem uma reforma previdenciária para seus servidores. O governo
federal fará uma emenda ao texto que tramita no Congresso Nacional, adicionando
essa sugestão. De acordo com a nova proposta, estados e municípios se
submeterão à regra federal, que atualmente tramita na Câmara dos Deputados,
caso não façam a própria reforma no tempo determinado.
Na semana passada,Temer
anunciou que estados e municípios seriam retirados do projeto de reforma que
tramita na Câmara, por meio da Proposta de Emenda à Constituição (PEC)
287/2016. A avaliação do Planalto e dos deputados federais é que os
governadores estavam “muito à vontade”, sem precisar passar pelo desgaste de
rever seus próprios sistemas de Previdência. A saída dos servidores municipais
e estaduais poderá acelerar os debates e a tramitação do projeto, na avaliação
do governo.
A ideia de definir um prazo
para que os entes federados organizem suas propostas surgiu de uma reunião
ocorrida nesse fim de semana entre o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e
o secretário da Previdência Social, Marcello Caetano. O objetivo é fazer com
que as mudanças ocorram mais rápido em todo o país. Na prática, a emenda ao
texto, se aprovada, vai pressionar governadores e prefeitos, uma vez que os
servidores estaduais e municipais vão lutar pela aprovação de uma reforma mais
benéfica do que a oferecida pelo texto federal. O ministro-chefe da Casa Civil,
Eliseu Padilha, apresentou a proposta em reunião com os deputados da base na
comissão da reforma da Previdência, no final da tarde de hoje (27).
Audiências
A comissão especial da reforma
da Previdência, que está tratando da PEC 287/2016, realizará na próxima
terça-feira (28) sua última audiência pública. O tema da discussão será os
impactos da reforma da Previdência para o orçamento público do país.
As propostas de mudanças na
Previdência devem ser debatidas também nas comissões da Seguridade Social e
Família e na de Defesa dos Direitos do Idoso. Os presidentes das respectivas
comissões já declararam que a reforma será um dos temas prioritários ao longo
de todo o ano na definição de pautas dos colegiados.
Agência Brasil
Fonte : Blog Carlos Costa
REFORMA DA PREVIDÊNCIA SERÁ TEMA DE AUDIÊNCIA PÚBLICA NESTA TERÇA (28) NA CÂMARA DE CAICÓ

De autoria da
vereadora Mara Costa (Pros), o Centro de Estudos e Debates da Câmara de
Vereadores de Caicó, promove nesta terça-feira (28), audiência pública
sobre a Reforma da Previdência. A advogada Rafaela Cosme, será a
palestrante, que contará com as presenças de representantes sindicais e
do INSS, além de outras entidades representativas. A audiência acontece
às 19 horas no plenário da Câmara Municipal de Caicó.
sábado, 25 de março de 2017
Governo oculta nomes que poderiam estar na “lista suja” do trabalho escravo
Após decisão judicial obrigando-o a divulgar o cadastro de empregadores flagrados com mão de obra análoga à de escrava, conhecido como a ''lista suja'', o Ministério do Trabalho publicizou, em seu site, 85 empregadores na noite desta quinta (23). Duas horas depois, retirou 17 deles, deixando uma relação com 68 nomes para consulta pública. A justificativa oficial fornecida pelo Ministério do Trabalho a este blog, na noite do dia 23 e confirmada na tarde do dia 24, para a exclusão foi de que houve um erro por parte da instituição, uma vez que essas 17 pessoas e empresas não teriam esgotado ainda os recursos a que têm direito na esfera administrativa – situação necessária para a inclusão de empregadores no cadastro de acordo com a portaria que prevê seu funcionamento. A versão original foi ao ar às 19h17, desta quinta (23), e a segunda versão, às 21h32. Mas, de acordo com informações solicitadas à Superintendência Regional do Trabalho de Minas Gerais, pelo menos seis desses 17 empregadores que estão localizados no Estado não podem mais recorrer. O sistema de Controle de Processos de Multas e Recursos do Ministério do Trabalho aponta que seis pessoas físicas, Éder Murilo Antunes, Gaspar Souza, José Cazelato Sobrinho, Paulo Afonso Queiroz Guimarães, Sebastião Honório Pedroso e Sérgio Roberto de Lima Dias, tiveram seus autos de infração, incluindo o 444 (referente à caracterização de trabalho análogo ao de escravo), transitados com decisão irrecorrível antes de 31/12/2016. Segundo a Superintendência, o poder público também não foi notificado em ações judiciais contra a União, por qualquer um desses empregadores, contra os autos de infração de forma a impedir os efeitos gerados pelas decisões administrativas. Portanto, os nomes poderiam estar nessa atualização da ''lista suja'' do trabalho escravo. Este blog também checou os autos de infração 444 recebidos pelos outros 11 empregadores (um do Amapá, um de Goiás, mais um de Minas Gerais, um do Pará, um do Paraná, um no Rio de Janeiro, dois de Santa Catarina, dois de São Paulo, um no Tocantins), através do sistema eletrônico disponível no site do ministério, e verificou que não há recursos pendentes sem decisão administrativa. Os dados sobre flagrantes que caracterizaram trabalho escravo tornaram-se o centro de uma polêmica após o Ministério do Trabalho, órgão responsável por sua publicização semestral de 2003 a 2014, evitar, na Justiça, a divulgação do cadastro. O ministério foi contatado novamente, na noite desta sexta (24), para falar a respeito do motivo que levou à retirada de nomes que não podiam mais recorrer. Mas nenhum representante que pudesse responder ao questionamento foi localizado. Assim que receber um posicionamento, este blog publicará neste post. ''O Ministério Público do Trabalho fez uma análise amostral e percebeu que há indícios de que os nomes foram excluídos de forma equivocada'', afirma o procurador Tiago Cavalcanti, que está à frente da Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo do MPT. ''Por isso, já solicitamos esclarecimentos do Ministério do Trabalho sobre os motivos que levaram os empregadores serem retirados após a primeira publicação.'' Polêmica da ''lista suja'' – No final de 2014, o Supremo Tribunal Federal garantiu uma liminar a uma associação de incorporadoras que suspendeu a ''lista suja''. A entidade questionou a constitucionalidade do cadastro de empregadores, afirmando, entre outros argumentos, que a inclusão na lista suja era realizada sem o direito de defesa dos autuados. Após a publicação de uma nova portaria interministerial (número 4, de 11 de maio de 2016), com mudanças em critérios de entrada e saída do cadastro, a ministra Cármen Lúcia levantou a proibição cinco dias depois. Mas o Ministério do Trabalho não divulgou uma nova atualização da lista. No dia 19 de dezembro de 2016, o juiz Rubens Curado Silveira, da 11a Vara do Trabalho de Brasília, ordenou, em decisão liminar, que o ministro e o governo federal voltassem a publicar o cadastro, atendendo a uma ação civil pública movida pelo Ministério Público do Trabalho, que denunciou a omissão do poder público ao esconder tais informações. O tema ganhou a mídia nacional e internacional. O governo levou o pleito ao Tribunal Regional do Trabalho da 10a Região, quando recebeu nova negativa por parte do presidente da corte, o desembargador Luís Vicentin Foltran. O governo recorreu, novamente, e obteve do presidente do Tribunal Superior do Trabalho, Ives Gandra Martins Filho, liminar garantindo a suspensão da obrigação de divulgar a lista. O ministro Alberto Luiz Bresciani, sorteado como relator do caso no TST, tornou sem efeito a decisão anterior e deferiu, no dia 14 de março, liminar que devolveu a decisão ao TRT, o que obrigou o governo federal a divulgar a relação. A União recorreu ao Supremo Tribunal Federal, mas, obedecendo a decisão judicial, publicou o cadastro nesta quinta (23). O Ministério do Trabalho criou um grupo de trabalho em dezembro de 2016, para discutir as regras de entrada e saída de nomes da ''lista suja'', com representações do governo, empresas e trabalhadores e prazo de 120 dias. Em sua justificativa, o órgão afirma que ''eventuais inclusões indevidas não apenas redundariam em injustiças com graves consequências a cidadãos e empresas, gerando desemprego, como acarretariam nova judicialização do tema, comprometendo a credibilidade do cadastro''. Critérios de entrada e saída – A ''lista suja'' conta desde 2003 com critérios de inclusão e exclusão de nomes. As portarias que a preveem foram sendo aperfeiçoadas ao longo do tempo sem que a lista precisasse ser suspensa. Entre 2003 e 2014, os nomes permaneciam na ''lista suja'' por, pelo menos, dois anos, período durante o qual o empregador deveria fazer as correções necessárias para que o problema não voltasse a acontecer e quitasse as pendências com o poder público. Em sua decisão, Cármen Lúcia afirmou que a Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) número 5.209, proposta pela associação das incorporadoras imobiliárias, perdeu o objeto após a publicação de portaria interministerial que resolveu – segundo ela – os questionamentos feitos sobre a lista. A inclusão na ''lista suja'' passaria a depender da aplicação de um auto de infração específico para condições análogas às de escravo (o auto 444, citado acima), além dos outros autos que já eram aplicados desde 2003 e, em conjunto, configuram trabalho forçado, servidão por dívida, condições degradantes de trabalho e jornada exaustiva. Os quatro elementos que, de acordo com o artigo 149 do Código Penal, caracterizam escravidão contemporânea. Ao mesmo tempo, foi criada a possibilidade de uma ''porta de saída''. Até agora, o empregador inserido no cadastro permanecia por, pelo menos, dois anos, e sua saída – após esse prazo – dependia da regularização de sua situação junto ao Ministério do Trabalho e da melhoria das condições no seu estabelecimento. A partir da nova portaria, o empregador que assinar um Termo de Ajustamento de Conduta ou acordo judicial com o governo federal, adotando uma série de condicionantes, permanecerá em uma espécie de ''área de observação'' do cadastro, com as empresas flagradas, mas que estão atuando na melhoria de seu negócio. Essa área também será divulgada. Cumprindo as exigências, poderão pedir sua exclusão dela partir de um ano. E, se descumprirem o acordo, serão retiradas da observação e remetidas à lista principal. A ''lista suja'' é considerada uma referência global no enfrentamento à escravidão contemporânea pelas Nações Unidas por garantir transparência. |
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FONTE: Blog do Sakamoto | |
Ato contra a Reforma da Previdência
Vale ressaltar que todo o Movimento Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (MSTTR) tem posição contrária a Reforma da Previdência Social apresentada pelo governo Temer, pois a mesma inviabiliza o acesso dos trabalhadores e trabalhadoras rurais à aposentadoria na medida em que eleva a idade de acesso a este benefício para 65 anos e equipara esta mesma idade para homens e mulheres. Isso significa desconhecer a realidade e as condições de trabalho a que são submetidos os agricultores e as agricultoras, cuja expectativa de vida, em muitos municípios, não chega a 70 anos de idade. Assim, o conjunto do Movimento Sindical não concorda com o ajuste fiscal do Estado brasileiro à custa da população mais pobre. |
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FONTE: Assessoria FETARN - Gilberto Silva | |
Impacto da Previdência na vida das Mulheres
Dorenice ainda afirmou que: “retirar os direitos previdenciários
das mulheres é violência” e, se o desmonte da Previdência passar, as
mulheres trabalhadoras rurais serão as mais penalizadas”.
De requerimento da senadora Regina Sousa, a Audiência: “Impacto da
Previdência na vida das Mulheres”, foi uma boa oportunidade para a
CONTAG mostrar em alto e bom som que o DESMONTE da PREVIDÊNCIA SOCIAL
proposto pelo governo Temer é uma tragédia, ainda mais, quando analisado
o recorte específico das mulheres trabalhadoras rurais.
No estudo: PREVIDÊNCIA SOCIAL RURAL: POTENCIALIDADES E DESAFIOS,
produzido pela CONTAG e o DIEESE, é apresentado uma nítida defesa do
direito previdenciário para as mulheres rurais, através de informações
específicas sobre as QUESTÕES DE GÊNERO. O documento afirma que sobre
esse tema, ao menos dois elementos merecem ser levados ao debate.
Embora se saiba que, de modo geral, mulheres têm uma sobrevida
maior que a dos homens, essa distinção, para um tempo menor de
contribuição da parcela feminina, tem uma origem histórica e cultural. A
doutrina previdenciária leva em conta as atividades domésticas e o
tempo que mulheres ficam em casa cuidando dos filhos e da família. É uma
fundamentação cultural, haja vista a dupla jornada que a mulher
desempenha em grande parte dos lares brasileiros e que não prioriza a
expectativa de vida.
A divisão sexual do trabalho, que impõe às mulheres a
responsabilidade sobre os cuidados com a casa e os filhos, exprime-se de
duas maneiras: segundo a PNAD, em 2014, cerca de 90% das mulheres
brasileiras declaravam ocupar-se dos afazeres domésticos, ao passo que,
entre os homens, esse índice era de apenas 50%; mas, mais importante que
isso, o tempo médio que as mulheres dedicavam aos afazeres domésticos
era de 25,3 horas por semana, enquanto os homens, que diziam ocupar-se
de tais tarefas, não dedicavam a elas mais que 10,9 horas semanais.
Um argumento contrário a essa ideia diz que a família tradicional,
formada pelo homem provedor do sustento familiar e da mulher que
exclusivamente cuida dos filhos e da casa, já não é tão presente no
nosso País e vem mudando ao longo dos anos. Isso não é verdade para a
maioria das famílias brasileiras, principalmente as mais pobres e as do
campo.
Será que a igualdade já atingiu os afazeres domésticos em todas as
classes sociais desse imenso Brasil? Se ainda não chegou em boa parte
dos países desenvolvidos e que diferenciam a idade de aposentadoria de
homens e mulheres, quem dirá no Brasil.
Segundo, que a trajetória profissional das mulheres dificilmente
será igual a dos homens, e isso reflete em condições de trabalho e
diferenças salariais muito díspares, impactando diretamente sobre a
forma como entram e permanecem no mercado de trabalho.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que
importantes diferenças salariais persistem no Brasil. Na média, as
mulheres ganham 22,1% a menos que os homens no País. Em certas
categorias de profissões intelectuais e científicas, a diferença no
pagamento pode chegar a 40% a favor dos homens.
As conhecidas desigualdades de acesso ao emprego e as assimetrias
de renda entre homens e mulheres no mundo do trabalho são fatores que
ajudam a diferenciar a idade de aposentadoria relativa a gênero. Nas
áreas rurais, o quadro é agravado por uma circunstância merecedora de
análise. Além de se verificar, entre as mulheres rurais, a entrada
precoce no mundo do trabalho – 70,2% das ocupadas começaram a trabalhar
antes dos 14 anos de idade, índice que, entre as ocupadas urbanas, é de
34,0% –, o trabalho feminino transita frequentemente, de um lado a
outro, pela tênue fronteira entre espaço “doméstico” e espaço “de
produção”, que caracteriza o regime de trabalho nas unidades produtivas
familiares.
O trabalho produtivo das mulheres, para Galiza e Valadares (2016),
acaba por ser em parte subestimado (ou mesmo invisível), tal como ocorre
com os afazeres domésticos, na medida em que se alterna e se confunde
com estes no espaço ampliado do estabelecimento agrícola familiar.
Embora o trabalho feminino, tão engajado nas tarefas produtivas quanto o
masculino, seja um vetor igualmente importante de geração de renda do
domicílio rural, a dinâmica de trabalho na agricultura familiar marcada
por uma desigual divisão de poder entre homens e mulheres e pela
inexistência de relação de assalariamento, tende a dificultar o
reconhecimento das mulheres como “trabalhadoras rurais”. O fato de cerca
de 80% das mulheres trabalhadoras ocupadas no meio rural exercerem
atividades não-remuneradas no âmbito da agricultura familiar oferece uma
dimensão dessa dificuldade.
Outro aspecto a ser considerado, e que merece reflexão, é a
pertinência da uniformização dos crité-rios para se definir o aumento da
idade de aposentadoria das mulheres em face do aumento da expectativa
de vida. Aliás, o envelhecimento da população tem sido o principal
argumento utilizado na defesa de amplas reformas no sistema
previdenciário brasileiro nas últimas duas décadas.
Não obstante a questão demográfica deva ser observada, é certo que o
Brasil não dispõe de informações oficiais sobre a expectativa de vida
de subgrupos populacionais, não havendo, por exemplo, tábuas de
mortalidade ou esperança de vida ao nascer para as populações rurais e
urbanas. Observa-se que a expectativa de vida é uma variável muito
sensível às diferenças regionais e às condições socioeconômicas da
população. Basta verificar que enquanto no Nordeste a expectativa de
vida de um homem e de uma mulher era, em 2010, 67,15 e 75,41 anos, no
Sul esses valores eram 72,57 e 79,12, respectivamente.
Na área rural, achados de Galiza e Valadares (2016) apontam
inquietações que vão nessa mesma direção. Resultados obtidos a partir
das estatísticas publicadas no Anuário Estatístico da Previdência
Social, pertinente à duração do benefício da “aposentadoria por idade”,
cujo principal motivo para a cessação é a morte do beneficiário(a),
sugerem que os trabalhadores rurais aposentados estão vivendo menos que
os trabalhadores aposentados urbanos, mas, principalmente, que as
mulheres rurais aposentadas estão vivendo 05 (cinco) anos a menos que os
homens rurais aposentados, e 6,5 anos a menos que as mulheres
aposentadas urbanas.
LEIA o Estudo PREVIDÊNCIA SOCIAL RURAL: POTENCIALIDADES E DESAFIOS AQUI
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FONTE: Assessoria de Comunicação CONTAG - Barack Fernandes, com informações do documento:PREVIDÊNCIA SOCIAL RURAL: POTENCIALIDADES E DESAFIOS, produzido pela CONTAG e o DIEESE | |
Para CNBB, Reforma da Previdência “escolhe o caminho da exclusão social”
A Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
divulgou, nesta quinta-feira, dia 23 de março, uma nota sobre a Reforma
da Previdência. No texto, aprovado pelo Conselho Permanente da
entidade, os bispos elencam alguns pontos da Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) 287/2016, considerando que a mesma “escolhe o caminho
da exclusão social” e convocam os cristãos e pessoas de boa vontade “a
se mobilizarem para buscar o melhor para o povo brasileiro,
principalmente os mais fragilizados”.
Na nota sobre a PEC 287, a CNBB manifesta apreensão com relação ao
projeto do Poder Executivo em tramitação no Congresso Nacional. “A
previdência não é uma concessão governamental ou um privilégio. Os
direitos Sociais no Brasil foram conquistados com intensa participação
democrática; qualquer ameaça a eles merece imediato repúdio”, salientam
os bispos.
O Governo Federal argumenta que há um déficit previdenciário,
justificativa questionada por entidades, parlamentares e até contestadas
levando em consideração informações divulgadas por outros
governamentais. Neste sentido, os bispos afirmam não ser possível
“encaminhar solução de assunto tão complexo com informações inseguras,
desencontradas e contraditórias”.
A entidade valorizou iniciativas que visam conhecer a real situação
do sistema previdenciário brasileiro com envolvimento da sociedade.
Leia na íntegra:NOTA DA CNBB SOBRE A PEC 287/16 – “REFORMA DA PREVIDÊNCIA” “Ai dos que fazem do direito uma amargura e a justiça jogam no chão” (Amós 5,7) O Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reunido em Brasília-DF, dos dias 21 a 23 de março de 2017, em comunhão e solidariedade pastoral com o povo brasileiro, manifesta apreensão com relação à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287/2016, de iniciativa do Poder Executivo, que tramita no Congresso Nacional. O Art. 6º. da Constituição Federal de 1988 estabeleceu que a Previdência seja um Direito Social dos brasileiros e brasileiras. Não é uma concessão governamental ou um privilégio. Os Direitos Sociais no Brasil foram conquistados com intensa participação democrática; qualquer ameaça a eles merece imediato repúdio. Abrangendo atualmente mais de 2/3 da população economicamente ativa, diante de um aumento da sua faixa etária e da diminuição do ingresso no mercado de trabalho, pode-se dizer que o sistema da Previdência precisa ser avaliado e, se necessário, posteriormente adequado à Seguridade Social. Os números do Governo Federal que apresentam um déficit previdenciário são diversos dos números apresentados por outras instituições, inclusive ligadas ao próprio governo. Não é possível encaminhar solução de assunto tão complexo com informações inseguras, desencontradas e contraditórias. É preciso conhecer a real situação da Previdência Social no Brasil. Iniciativas que visem ao conhecimento dessa realidade devem ser valorizadas e adotadas, particularmente pelo Congresso Nacional, com o total envolvimento da sociedade. O sistema da Previdência Social possui uma intrínseca matriz ética. Ele é criado para a proteção social de pessoas que, por vários motivos, ficam expostas à vulnerabilidade social (idade, enfermidades, acidentes, maternidade...), particularmente as mais pobres. Nenhuma solução para equilibrar um possível déficit pode prescindir de valores éticos-sociais e solidários. Na justificativa da PEC 287/2016 não existe nenhuma referência a esses valores, reduzindo a Previdência a uma questão econômica. Buscando diminuir gastos previdenciários, a PEC 287/2016 “soluciona o problema”, excluindo da proteção social os que têm direito a benefícios. Ao propor uma idade única de 65 anos para homens e mulheres, do campo ou da cidade; ao acabar com a aposentadoria especial para trabalhadores rurais; ao comprometer a assistência aos segurados especiais (indígenas, quilombolas, pescadores...); ao reduzir o valor da pensão para viúvas ou viúvos; ao desvincular o salário mínimo como referência para o pagamento do Benefício de Prestação Continuada (BPC), a PEC 287/2016 escolhe o caminho da exclusão social. A opção inclusiva que preserva direitos não é considerada na PEC. Faz-se necessário auditar a dívida pública, taxar rendimentos das instituições financeiras, rever a desoneração de exportação de commodities, identificar e cobrar os devedores da Previdência. Essas opções ajudariam a tornar realidade o Fundo de Reserva do Regime da Previdência Social – Emenda Constitucional 20/1998, que poderia provisionar recursos exclusivos para a Previdência. O debate sobre a Previdência não pode ficar restrito a uma disputa ideológico-partidária, sujeito a influências de grupos dos mais diversos interesses. Quando isso acontece, quem perde sempre é a verdade. O diálogo sincero e fundamentado entre governo e sociedade deve ser buscado até à exaustão. Às senhoras e aos senhores parlamentares, fazemos nossas as palavras do Papa Francisco: “A vossa difícil tarefa é contribuir a fim de que não faltem as subvenções indispensáveis para a subsistência dos trabalhadores desempregados e das suas famílias. Não falte entre as vossas prioridades uma atenção privilegiada para com o trabalho feminino, assim como a assistência à maternidade que sempre deve tutelar a vida que nasce e quem a serve quotidianamente. Tutelai as mulheres, o trabalho das mulheres! Nunca falte a garantia para a velhice, a enfermidade, os acidentes relacionados com o trabalho. Não falte o direito à aposentadoria, e sublinho: o direito — a aposentadoria é um direito! — porque disto é que se trata.” Convocamos os cristãos e pessoas de boa vontade, particularmente nossas comunidades, a se mobilizarem ao redor da atual Reforma da Previdência, a fim de buscar o melhor para o nosso povo, principalmente os mais fragilizados. Na celebração do Ano Mariano Nacional, confiamos o povo brasileiro à intercessão de Nossa Senhora Aparecida. Deus nos abençoe! Brasília, 23 de março de 2017. Cardeal Sergio da Rocha Arcebispo de Brasília Presidente da CNBB Dom Murilo S. R. Krieger, SCJ Arcebispo de São Salvador da Bahia Vice-Presidente da CNBB Dom Leonardo Ulrich Steiner, OFM Bispo Auxiliar de Brasília Secretário-Geral da CNBB |
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FONTE: Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB | |
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quinta-feira, 23 de março de 2017
Câmara aprova terceirização para todas as atividades da empresa
Texto também aumenta de três para seis meses o tempo permitido para trabalho temporário. Matéria segue para sanção presidencial
O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou,
nesta quarta-feira (22), o Projeto de Lei 4302/98, que permite o uso da
terceirização em todas as áreas (atividade-fim e atividade-meio) das
empresas.
Foi aprovado um substitutivo
do Senado para a matéria, que também aumenta de três para seis meses o
tempo do trabalho temporário, prazo que pode ser alterado por meio de
acordo ou convenção coletiva de trabalho. O texto será enviado à sanção
presidencial.
A matéria foi aprovada com parecer do deputado Laercio Oliveira
(SD-SE), que excluiu do texto uma anistia para as empresas – tanto
contratantes quanto de terceirização – relativa a multas e penalidades
impostas com base na legislação modificada e não compatível com a nova
lei.
Outra mudança no parecer, relacionada ao trabalho temporário, inclui trecho da redação aprovada anteriormente pela Câmara para deixar claro que essa modalidade poderá ser usada nas atividades-fim e nas atividades-meio da empresa.
Responsabilização
Quanto às obrigações trabalhistas, o texto aprovado estabelece a responsabilidade subsidiária da empresa contratante em relação à responsabilidade da empresa de serviços terceirizados pelas obrigações trabalhistas. A redação anterior da Câmara previa a responsabilidade solidária. Todas as mudanças ocorrem na Lei 6.019/74.
Na responsabilidade subsidiária, os bens da empresa contratante somente poderão ser penhorados pela Justiça se não houver mais bens da fornecedora de terceirizados para o pagamento da condenação relativa a direitos não pagos. Na solidária, isso pode ocorrer simultaneamente. Contratante e terceirizada respondem ao mesmo tempo com seus bens para o pagamento da causa trabalhista.
Já as obrigações previdenciárias deverão seguir a regra estipulada na Lei 8.212/91, que prevê o recolhimento de 11% da fatura de serviços de cessão de mão de obra a título de contribuição previdenciária patronal. Esse recolhimento é feito pela empresa contratante e descontado do valor a pagar à empresa de terceirização.
Garantias no contrato
O substitutivo do Senado também muda cláusulas que deverão constar obrigatoriamente do contrato de prestação de serviços.
Em relação ao texto da Câmara, saem cláusulas sobre a forma de fiscalização da tomadora de serviços quanto ao recolhimento de obrigações previdenciárias e trabalhistas e a previsão de multa de R$ 5 mil por descumprimento dessas obrigações a cada trabalhador prejudicado.
Condições de trabalho
Diferentemente do texto da Câmara, que previa a garantia, aos terceirizados, do mesmo atendimento médico e ambulatorial destinado aos empregados da contratante, o substitutivo do Senado torna isso facultativo, incluindo nesse caso o acesso ao refeitório.
Permanece, entretanto, a obrigação de a contratante garantir condições de segurança, higiene e salubridade aos trabalhadores.
“Quarteirização”
Será permitido à empresa de terceirização subcontratar outras empresas para realizar serviços de contratação, remuneração e direção do trabalho a ser realizado por seus trabalhadores nas dependências da contratante. Esse artifício é apelidado de “quarteirização”.
Capital mínimo
Em vez de um capital mínimo de R$ 250 mil, como previa o texto aprovado anteriormente pelos deputados, a redação do Senado cria um escalonamento segundo o número de empregados da empresa de terceirização.
Para aquelas com até dez empregados, o capital mínimo seria de R$ 10 mil; de 10 a 20, de R$ 25 mil; de 20 a 50, capital mínimo de R$ 45 mil; de 50 a 100 empregados, capital de R$ 100 mil; e aquelas com mais de 100 funcionários, um capital mínimo de R$ 250 mil.
O texto que irá à sanção também exclui da versão da Câmara a proibição de contratação para prestação de serviços entre empresas do mesmo grupo econômico, situação em que a empresa de terceirização e a empresa contratante seriam comandadas pelos mesmos controladores.
Luis Macedo / Câmara dos Deputados
Texto aprovado nesta quarta-feira (22) também
libera o trabalho temporário tanto para as atividades-fim quanto para as
atividades-meio das empresas
Outra mudança no parecer, relacionada ao trabalho temporário, inclui trecho da redação aprovada anteriormente pela Câmara para deixar claro que essa modalidade poderá ser usada nas atividades-fim e nas atividades-meio da empresa.
Responsabilização
Quanto às obrigações trabalhistas, o texto aprovado estabelece a responsabilidade subsidiária da empresa contratante em relação à responsabilidade da empresa de serviços terceirizados pelas obrigações trabalhistas. A redação anterior da Câmara previa a responsabilidade solidária. Todas as mudanças ocorrem na Lei 6.019/74.
Na responsabilidade subsidiária, os bens da empresa contratante somente poderão ser penhorados pela Justiça se não houver mais bens da fornecedora de terceirizados para o pagamento da condenação relativa a direitos não pagos. Na solidária, isso pode ocorrer simultaneamente. Contratante e terceirizada respondem ao mesmo tempo com seus bens para o pagamento da causa trabalhista.
Já as obrigações previdenciárias deverão seguir a regra estipulada na Lei 8.212/91, que prevê o recolhimento de 11% da fatura de serviços de cessão de mão de obra a título de contribuição previdenciária patronal. Esse recolhimento é feito pela empresa contratante e descontado do valor a pagar à empresa de terceirização.
Garantias no contrato
O substitutivo do Senado também muda cláusulas que deverão constar obrigatoriamente do contrato de prestação de serviços.
Em relação ao texto da Câmara, saem cláusulas sobre a forma de fiscalização da tomadora de serviços quanto ao recolhimento de obrigações previdenciárias e trabalhistas e a previsão de multa de R$ 5 mil por descumprimento dessas obrigações a cada trabalhador prejudicado.
Condições de trabalho
Diferentemente do texto da Câmara, que previa a garantia, aos terceirizados, do mesmo atendimento médico e ambulatorial destinado aos empregados da contratante, o substitutivo do Senado torna isso facultativo, incluindo nesse caso o acesso ao refeitório.
Permanece, entretanto, a obrigação de a contratante garantir condições de segurança, higiene e salubridade aos trabalhadores.
“Quarteirização”
Será permitido à empresa de terceirização subcontratar outras empresas para realizar serviços de contratação, remuneração e direção do trabalho a ser realizado por seus trabalhadores nas dependências da contratante. Esse artifício é apelidado de “quarteirização”.
Capital mínimo
Em vez de um capital mínimo de R$ 250 mil, como previa o texto aprovado anteriormente pelos deputados, a redação do Senado cria um escalonamento segundo o número de empregados da empresa de terceirização.
Para aquelas com até dez empregados, o capital mínimo seria de R$ 10 mil; de 10 a 20, de R$ 25 mil; de 20 a 50, capital mínimo de R$ 45 mil; de 50 a 100 empregados, capital de R$ 100 mil; e aquelas com mais de 100 funcionários, um capital mínimo de R$ 250 mil.
O texto que irá à sanção também exclui da versão da Câmara a proibição de contratação para prestação de serviços entre empresas do mesmo grupo econômico, situação em que a empresa de terceirização e a empresa contratante seriam comandadas pelos mesmos controladores.
Continua:
Íntegra da proposta:
Reportagem – Eduardo Piovesan
Edição – Marcelo Oliveira
Edição – Marcelo Oliveira
Deputado Orlando Silva eleito presidente da Comissão de Trabalh
O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) foi eleito há pouco presidente da Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público. O segundo e o terceiro vices serão eleitos posteriormente.
A Câmara dos Deputados deve instalar hoje as 25 comissões
permanentes. Os nomes indicados pelos partidos deverão ser ratificados
em eleições nesta manhã.
Mais informações a seguir.
Mais informações a seguir.
Tempo real:
- 13:10 - Deputado Capitão Augusto é o novo presidente da Comissão de Segurança Pública
- 13:07 - Deputado Ezequiel Teixeira é o novo presidente da Comissão do Esporte
- 13:06 - Deputado Cabo Sabino é eleito presidente da Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência
- 13:02 - Deputado Nilto Tatto é o novo presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
- 12:57 - Deputada Flávia Morais é a nova presidente da Comissão de Legislação Participativa
- 12:55 - Deputado Gilberto Nascimento presidirá Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa
- 12:40 - Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher será presidida pela deputada Shéridan
- 12:37 - Deputado Givaldo Vieira é o novo presidente da Comissão de Desenvolvimento Urbano
- 12:37 - Comissão de Turismo será presidida pelo deputado Paulo Azi
- 12:34 - Comissão de Cultura elege o deputado Thiago Peixoto para a presidência
- 12:30 - Deputado Altineu Côrtes é eleito presidente da Comissão de Viação e Transportes
- 12:23 - Deputado Paulão presidirá a Comissão de Direitos Humanos e Minorias
- 11:48 - Deputado Hiran Gonçalves é eleito presidente da Comissão de Seguridade Social e Família
- 11:22 - Comissão de Finanças e Tributação será presidida pelo deputado Covatti Filho
- 11:20 - Comissão de Integração Nacional elege o deputado Valadares Filho como presidente
- 11:19 - Deputada Bruna Furlan é eleita presidente da Comissão de Relações Exteriores
- 11:18 - Deputado Sergio Souza é eleito presidente da Comissão de Agricultura
- 11:17 - Comissão de Constituição e Justiça será presidida pelo deputado Rodrigo Pacheco
- 11:10 - Deputado Paulo Magalhães é eleito presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia
- 11:04 - Comissão de Minas e Energia será presidida pelo deputado Jhonatan de Jesus
- 11:04 - Comissão de Fiscalização Financeira será presidida pelo deputado Wilson Filho
- 11:03 - Comissão de Desenvolvimento Econômico elege deputado Lucas Vergilio como presidente
- 10:56 - Comissão de Defesa do Consumidor elege Rodrigo Martins para a presidência
- 10:50 - Comissão de Educação será presidida pelo deputado Caio Narcio
- 08:52 - Câmara instala hoje as 25 comissões permanentes
Reportagem - Noéli Nobre
Edição - Ralph Machado
Edição - Ralph Machado
Maia diz ter confiança em quórum para aprovar reforma da Previdência
Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados
Rodrigo Maia: reformas deverão gerar crescimento da economia já no segundo semestre
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, disse nesta quinta-feira (23) que não faltarão votos para aprovar as reformas trabalhista (PL 6787/16) e da Previdência (PEC 287/16). Ele foi questionado sobre o fato de o projeto da terceirização ter sido aprovado, na noite de quarta-feira (22), com 231 votos favoráveis, tendo recebido 188 votos contrários.
A emenda à Constituição precisa de 308 votos. Rodrigo Maia comparou a aprovação do projeto da terceirização com a pré-temporada de um time de futebol.
"O importante é que foi vitorioso. E eu tenho certeza de que nas próximas votações, vamos jogar mais como time campeão brasileiro do que um time campeão carioca ou paulista. Esse apoio vai crescer, eu tenho certeza de que na reforma trabalhista nós vamos caminhar para um resultado de quórum constitucional", afirmou Maia.
O presidente acrescentou que, na reforma da Previdência, o resultado "vai mudar a história do Brasil e gerar, já no segundo semestre, um crescimento enorme da economia brasileira, e a recuperação definitiva da geração de empregos".
Segundo Rodrigo Maia, a votação do projeto sobre a terceirização foi um "passo gigante" dado pelos deputados. "Foi o primeiro passo, uma sinalização forte, até porque é uma matéria que vinha sendo debatida há anos na Câmara e no Senado e nós nunca conseguimos encaminhar à sanção nenhum projeto", disse o presidente, ao calcular a votação da reforma trabalhista em 30 ou 40 dias, seguida pela reforma da Previdência.
Quanto às afirmações de que o projeto relativo à terceirização irá reduzir o número de empregos com carteira assinada, Rodrigo Maia afirmou que existem 14 milhões de desempregados no Brasil, e que é preciso dar segurança jurídica para contratação no mercado de terceirização.
Íntegra da proposta:
PL-4302/1998
PEC-287/2016
PL-6787/2016
Reportagem - Wilson Silveira
Edição - Sandra Crespo
A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura 'Agência Câmara Notícias'
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, disse nesta quinta-feira (23) que não faltarão votos para aprovar as reformas trabalhista (PL 6787/16) e da Previdência (PEC 287/16). Ele foi questionado sobre o fato de o projeto da terceirização ter sido aprovado, na noite de quarta-feira (22), com 231 votos favoráveis, tendo recebido 188 votos contrários.
A emenda à Constituição precisa de 308 votos. Rodrigo Maia comparou a aprovação do projeto da terceirização com a pré-temporada de um time de futebol.
"O importante é que foi vitorioso. E eu tenho certeza de que nas próximas votações, vamos jogar mais como time campeão brasileiro do que um time campeão carioca ou paulista. Esse apoio vai crescer, eu tenho certeza de que na reforma trabalhista nós vamos caminhar para um resultado de quórum constitucional", afirmou Maia.
O presidente acrescentou que, na reforma da Previdência, o resultado "vai mudar a história do Brasil e gerar, já no segundo semestre, um crescimento enorme da economia brasileira, e a recuperação definitiva da geração de empregos".
Segundo Rodrigo Maia, a votação do projeto sobre a terceirização foi um "passo gigante" dado pelos deputados. "Foi o primeiro passo, uma sinalização forte, até porque é uma matéria que vinha sendo debatida há anos na Câmara e no Senado e nós nunca conseguimos encaminhar à sanção nenhum projeto", disse o presidente, ao calcular a votação da reforma trabalhista em 30 ou 40 dias, seguida pela reforma da Previdência.
Quanto às afirmações de que o projeto relativo à terceirização irá reduzir o número de empregos com carteira assinada, Rodrigo Maia afirmou que existem 14 milhões de desempregados no Brasil, e que é preciso dar segurança jurídica para contratação no mercado de terceirização.
Íntegra da proposta:
PL-4302/1998
PEC-287/2016
PL-6787/2016
Reportagem - Wilson Silveira
Edição - Sandra Crespo
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Relator da reforma trabalhista deverá apresentar relatório até dia 13 de abril
O relator da reforma trabalhista (PL 6787/16), deputado Rogério Marinho (PSDB-RN), fixou o dia 13 de abril como nova data para apresentar seu parecer à proposta. O projeto do governo recebeu 840 emendas.
Inicialmente, Marinho previa o relatório para o início de maio, mas
mudou a data, diante da prioridade estabelecida pelo governo para a
reforma trabalhista.
Em audiência nesta quinta-feira (23), Marinho voltou a afirmar que a
proposta não retira direitos do trabalhador, que, na sua visão, estariam
garantidos no artigo 7º da Constituição. Para o relator, como há
centenas de súmulas dos tribunais interpretando a legislação
trabalhista, esta demanda atualização. “O mundo mudou, existem novas
relações de trabalho”, observou, citando trabalhadores da área da
tecnologia da informação e de call centers, por exemplo.
Durante o debate, alguns deputados criticaram a aprovação pelo
Plenário da Câmara, nesta terça-feira (22), do projeto que permite o
uso de trabalhadores terceirizados em todas as áreas das empresas (PL
4302/98).
Foi o caso da deputada Benedita da Silva (PT-SP), uma das parlamentares que pediu a audiência. “Ontem esta Casa rasgou os direitos dos trabalhadores; votou o retrocesso dos direitos dos trabalhadores. A Câmara estava convencida que o melhor para os nossos trabalhadores é o bico”, disse. Para a parlamentar, a lei de terceirização, somada à reforma trabalhista e à reforma previdenciária, caso sejam aprovadas, significará “regressão ao trabalho escravo”.
Foi o caso da deputada Benedita da Silva (PT-SP), uma das parlamentares que pediu a audiência. “Ontem esta Casa rasgou os direitos dos trabalhadores; votou o retrocesso dos direitos dos trabalhadores. A Câmara estava convencida que o melhor para os nossos trabalhadores é o bico”, disse. Para a parlamentar, a lei de terceirização, somada à reforma trabalhista e à reforma previdenciária, caso sejam aprovadas, significará “regressão ao trabalho escravo”.
Outro autor do requerimento da audiência pública, o deputado Patrus
Ananias (PT-MG) também criticou a aprovação da proposta. “O que era
exceção virou regra”, afirmou, sobre o trabalho terceirizado. Para ele, a
reforma trabalhista perde força com a transformação do projeto em lei.
“70% já foi resolvido ontem à noite”, apontou. Segundo ele, a
terceirização implica redução de férias, décimo terceiro, aviso prévio,
licença maternidade.
Já o deputado Arolde de Oliveira (PSC-RJ) acredita que as mudanças na
legislação visam preservar o trabalho com renda. Na visão dele, é
preciso considerar o impacto da tecnologia sobre o trabalho ao se
legislar sobre o assunto. “É claro que nós temos que mudar, o emprego
está com os dias contados”, opinou. Para o juiz do Tribunal Regional do
Trabalho da 8ª Região José Maria Quadros de Alencar, a reforma
trabalhista não responde a essa necessidade.
A audiência continua no plenário 11.
Mais informações a seguir
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Tempo real:
- 11:44 - Ministro do TST critica ampliação da negociação coletiva prevista em reforma trabalhista
- 10:55 - Sindicato de auditores fiscais diz que projeto de terceirização prejudica trabalhadores
- 10:32 - Desembargadores discordam sobre necessidade de reforma trabalhista em audiência
- 09:44 - Começa audiência da comissão da reforma trabalhista sobre segurança jurídica
Íntegra da proposta:
Reportagem - Lara Haje
Edição - Marcia Becker
Edição - Marcia Becker
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Plenário prorroga por 60 dias funcionamento da CPI da Funai
O Plenário aprovou, por 236 votos
favoráveis, 34 contrários e 5 abstenções, o requerimento que pede a
prorrogação do prazo de funcionamento da Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI) que investiga fatos relativos à Fundação Nacional do
Índio (Funai) e ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
(Incra). Agora, a CPI poderá trabalhar por mais 60 dias. A ordem do dia
foi encerrada.
A prorrogação, segundo o presidente da CPI, deputado Alceu Moreira (PMDB-RS), é necessária para a leitura e votação do parecer que, segundo ele, tem mais de mil páginas. Ele disse que as investigações apontaram venda de madeira ilegal, desmatamento em assentamentos e outros pontos. Ele negou que a CPI tenha a intenção de prejudicar povos indígenas ou outros povos tradicionais. “Vamos apresentar uma política pública para todos”, disse.
Moreira afirmou que as investigações detectaram diversas irregularidades. “Vimos volumes de recursos drenados do dinheiro público e nós queremos mostrar que a nação indígena, que o interesse indígena não está em jogo. Eles são usados como massa de manobra para tirar dinheiro público”, disse.
A deputada Eliziane Gama (PPS-MA) criticou a forma como a CPI vem sendo dirigida. “É patente o direcionamento, a parcialidade. Já pediram quebra de sigilo de um arcebispo. Querem investigar órgãos como Cimi [Conselho Indigenista Missionário] e o ISA [Instituto Socioambiental]. O debate é partidarizado. A CPI foi criada para perseguir empresas que defendem os indígenas, já que requerimentos para investigar empresas são deixados de lado”, acusou a parlamentar.
A prorrogação, segundo o presidente da CPI, deputado Alceu Moreira (PMDB-RS), é necessária para a leitura e votação do parecer que, segundo ele, tem mais de mil páginas. Ele disse que as investigações apontaram venda de madeira ilegal, desmatamento em assentamentos e outros pontos. Ele negou que a CPI tenha a intenção de prejudicar povos indígenas ou outros povos tradicionais. “Vamos apresentar uma política pública para todos”, disse.
Moreira afirmou que as investigações detectaram diversas irregularidades. “Vimos volumes de recursos drenados do dinheiro público e nós queremos mostrar que a nação indígena, que o interesse indígena não está em jogo. Eles são usados como massa de manobra para tirar dinheiro público”, disse.
A deputada Eliziane Gama (PPS-MA) criticou a forma como a CPI vem sendo dirigida. “É patente o direcionamento, a parcialidade. Já pediram quebra de sigilo de um arcebispo. Querem investigar órgãos como Cimi [Conselho Indigenista Missionário] e o ISA [Instituto Socioambiental]. O debate é partidarizado. A CPI foi criada para perseguir empresas que defendem os indígenas, já que requerimentos para investigar empresas são deixados de lado”, acusou a parlamentar.
Tempo real:
Reportagem - Carol Siqueira
Edição - Alexandre Pôrto
Edição - Alexandre Pôrto
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CONTAG denuncia retrocessos nos direitos trabalhistas com aprovação da terceirização
A Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e
Agricultoras Familiares (CONTAG) vê com bastante preocupação a aprovação
do Projeto de Lei 4302/98, na noite desta quarta-feira (22), no
Plenário da Câmara dos Deputados, que permite o uso da terceirização
ampla e irrestrita em todas as áreas das empresas rurais e urbanas.
Também foi aprovado um substitutivo do Senado para a matéria, que
aumenta de três para seis meses o tempo do trabalho temporário, prazo
que ainda pode ser alterado por meio de acordo ou convenção coletiva de
trabalho.
Para a CONTAG, a terceirização é a porta para a violação dos direitos
mínimos dos trabalhadores e trabalhadoras, tanto que 90% dos
trabalhadores (as) resgatados em situação análoga à escravidão são
terceirizados.
Com a ampliação da terceirização, os principais impactos serão o
comprometimento nos direitos trabalhistas, a diminuição dos salários e a
segurança e garantia para os trabalhadores e para as trabalhadoras,
Estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos (Dieese) apontou que, em média, um(a) trabalhador(a)
terceirizado(a) trabalha até três horas a mais por semana e ganha 27%
menos que um empregado(a) direto.
É importante compreender que o que se busca com a terceirização é
justamente a ampliação dos lucros a partir da precarização deliberada
das condições de trabalho, e a comprovação disto é que os Empresários e
seus representantes no parlamento sempre se recusaram e se recusam a
responder solidariamente pelas violações de direitos que venham a ser
cometidas pelas prestadoras de serviço.
A CONTAG, as Federações e Sindicatos veem com preocupação das
manobras adotadas pelo Congresso Nacional com o apoio do governo e que
colocam em risco todos os direitos conquistados pela classe trabalhadora
ao longo das últimas décadas, e descartam os avanços obtidos a partir
da aprovação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Estamos vivendo uma onda de retrocessos e precisamos unir forças,
trabalhadores(as) rurais e urbanos(as). Nem mesmo o enfrentamento ao
trabalho escravo está livre destas ameaças. Este mesmo governo que lutou
pela aprovação da terceirização luta para a redução do conceito de
trabalho escravo e tem recorrido à justiça para não divulgar a lista de
empregadores que exploram mão de obra escrava. Precisamos nos unir para
que mais nenhum direito seja retirado. Não ao retrocesso de direitos!
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FONTE: A Diretoria da CONTAG |
AUDIÊNCIA PÚBLICA: “O Trabalhador e o Regime Geral de Previdência Social”
Com o tema “O Trabalhador e o Regime Geral de Previdência Social” foi realizada a 15º Audiência Pública da Comissão Especial PEC /287 Reforma da Previdência.
A Audiência contou com a contribuição do presidente da CONTAG, Alberto Ercílio Broch; do técnico do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Luiz Henrique Paiva; do membro da Comissão do Setor de Produção do MST/Via Campesina, Francisco Dal Chiavon (Chicão); do Diretor do Departamento de Assuntos Fiscais e Sociais do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão do governo federal, Arnaldo Barbosa de Lima Junior; além de vários parlamentares.
Primeiro a falar, o presidente da CONTAG Alberto Ercílio Broch, expôs dois pontos preocupantes em relação a Reforma da Previdência que prejudica os (as) rurais: a forma de contribuição e a idade de aposentadoria para os homens e as mulheres do campo.
“Duas questões centrais nos preocupa e cria pânico geral no campo. Uma é a forma de contribuição, onde a proposta debatida pelo governo transfere a forma da produção para um pagamento, que não está bem explícito. Este para nós é um ponto crucial, porque os agricultores (as) não têm salário, férias, nenhuma forma de beneficio. Eles (as) são remunerados (as) pelas suas produções. Por este critério temos estimativa que podemos deixar fora do regime geral de previdência, mais de 80% dos segurados (as) especiais. A Segunda questão é a idade. Hoje a mulher se aposenta aos 55, homem aos 60. Há estudos que dizem que a população rural vive menos. Nós começamos a trabalhar muito cedo. Com 6 a 8 anos já estamos na labuta. Já trabalhamos mais de 50 anos. Mexer na idade é muito forte e duro”, denunciou o presidente da CONTAG ao fazer uso da fala.
Alberto ainda apresentou outra questão sensível que pesa sobre os (as) povos do campo: o desenvolvimento rural.
“Nós não podemos desassociar isso da política de produção de alimentos. Mais de 70% dos alimentos que estão na mesa do povo brasileiro vêm da Agricultura Familiar”. Destacou.
O representante do MST/Via Campesina Francisco Dal Chiavon (Chicão) – MST/Via Campesina ,fez uma provocação em relação a fiscalização da previdência.
“Há números enormes de sonegação da previdência. Essa Reforma não vem para fazer justiça, vem para aprofundar a injustiça que já existe. Os grandes bancos e empresas recolheram dos trabalhadores (as) mais de 400 milhões e não repassaram para a previdência. A Reforma tem que ser para os banqueiros e não para aumentar a contribuição dos pequenos (as). Nuca vi tirar de quem não tem para dar para quem já tem muito”, afirmou.
Logo após as falas da CONTAG e do MST/ Via Campesina, os representantes do IPEA e do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão do Governo Federal, apresentaram através de slides estudos explicando por “A mais B” vários motivos dos rurais serem incluídos na Reforma. Propostas que foram sumariamente rebatidas pelos parlamentares presentes.
“A elevação da aposentadoria para os rurais é não considerar o tanto que é penoso a jornada ininterrupta de trabalho de quem vive no campo. Os rurais são mais penalizados que alguns seguimentos. Isso é injusto”. Denunciou Arlindo Chinaglia (PT/SP).
“Sou contra essa Reforma ainda mais quando falamos da agricultura familiar, do segurado especial, daqueles homens e mulheres que levantam cedo e garantem o pão nosso de cada dia. Aumentar a idade para quem começa trabalhar desde criança é injusto. Prolongar essa idade por 10 anos é desumano. Se formos olhar os riscos que tem a Agricultura com as intempéries climáticas é nítido que é uma atividade de risco. Não podemos deixar que nenhum direito seja retirado, pois se isso passar, nosso meio rural vai virar um deserto”. Afirmou Heitor Shutz (PSB/RS).
“Que seja mantida a idade de 55 anos para mulher e 60 para homem, seja mantido o sistema de contribuição de hoje, mantido a pensão que o Temer quer tirar e também o benefício da prestação continuada. Que o governo Temer vá arrecadar dos altos salários e não penalizar os (as) agricultores (as) que produzem nossos alimentos. Vamos votar contra essa proposta cruel do Temer”. Disse Elvino Bohn Gass (PT/RS).
“Cada membro da família na agricultura fazer a contribuição, não corresponde a dinâmica da Agricultura Familiar. Isso aí vai incentivar o êxodo rural e não vai permitir o acesso ao benefício da previdência, mesmo porque as famílias vivem do que plantam e colhem, e isso não se dá mensalmente. Os homens e mulheres do campo vão ficar inviabilizados (as) de ter acesso a Previdência Social”. Afirmou Davidson Magalhães (PC do B/BA).
“Sou totalmente contrário as mudanças de regras para os trabalhadores rurais. Sou contrário a Reforma da Previdência como um todo. É evidente que o trabalho rural é penoso e por isso imaginar que quem trabalha a vida inteira no campo debaixo de sol e chuva pode ter as mesmas regras do que trabalhadores que têm condições melhores é simplesmente aceitar uma injustiça. Lutamos para garantir que o trabalhador (a) permaneça no campo. Afinal, são eles (as) que colocam comida na nossa mesa”. Enfatizou Alessandro Molon (REDE/RJ)
Ao final da Audiência o presidente da CONTAG Alberto Ercílio Broch aproveitou para mais uma vez deixar uma mensagem para todos e todas.
“Os trabalhadores e trabalhadoras rurais fazem milagre com um salario mínimo. Sustentam a família, os netos, compram ração para animais, sementes, etc. A aposentadoria rural é importante para o trabalhador (a) e para o Brasil. Queremos um campo com gente ou sem gente? Nós defendemos um campo com gente, com produção de comida e cultura”.
Comissão Especial PEC /287 Reforma da Previdência
Dos 35 membros titulares da Comissão Especial PEC /287 Reforma da Previdência, estiveram presentes na Audiência 20 parlamentares e mais 3 não membros. Tendo como presidente o deputado Carlos Marun e relator substituto Reinhold Stephnes
16ª Audiência Pública para debater a Previdência Social
Nesta quinta-feira (23), será realizada também na Câmara dos Deputados mais uma Audiência Pública, com o tema: “A Seguridade Social e a condição da Mulher”.
Assista a Audiência Pública “O Trabalhador e o Regime Geral de Previdência Social”, no link abaixo:
http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/aoVivoSinais?codReuniao=46527
FONTE: Assessoria de Comunicação CONTAG - Barack Fernandes
Governo inaugura Central da Agricultura Familiar
Nesta segunda-feira (27) o Governo do Estado acaba com uma espera de sete anos dos agricultores familiares potiguares. O governador Robinson Faria e o secretário Guilherme Saldanha inauguram a Central de Comercialização da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Cecafes), reformada e equipada, em solenidade marcada para as 10h, no cruzamento das avenidas Capitão Mor Gouveia e Jaguarari em Natal.
O equipamento será composto de 36 boxes e 50 barracas e irá beneficiar em torno de 1.200 agricultores familiares, com a comercialização de uma média de R$ 313 mil por mês e a venda de 170 toneladas de itens. Ocupando uma área de cinco mil metros quadrados ao lado da Ceasa/RN, a Central possui área construída de 2,7 mil metros quadrados e 78 vagas de estacionamento.
BLOG SERTÃO RN: http://sertaorn.blogspot.com/#ixzz4c945UYvf
TRANSPOSIÇÃO: RN será beneficiado pelas águas do São Francisco de duas maneiras
O Rio Grande do Norte será beneficiado pelas águas do São Francisco de duas maneiras. Na primeira delas é com a perenização do rio Piranhas/Açu. Pelo projeto, que abrange o eixo Leste, as águas do rio, que nascem na Serra do Piancó, na Paraíba, devem ser represadas pela barragem de Oiticica antes que elas desemboquem na barragem Armando Ribeiro Gonçalves, o maior reservatório do estado.
A outra forma da água chegar ao estado será com a construção um sistema denominado Ramal Apodi, uma etapa da obra que faz parte do chamado Eixo Norte da transposição. Por este ramal, as águas deverão correr por canais, túneis, aquedutos e barragens, totalizando 115,5 quilômetros de extensão.
Em solo potiguar, as obras da transposição afetarão famílias em Luís Gomes, Major Sales e José da Penha, por onde o ramal passará até chegar ao açude público de Pau dos Ferros, de onde as águas partirão até Angicos, já na região Central do estado. Ao final do percurso, 44 municípios devem ser beneficiados.
A outra forma da água chegar ao estado será com a construção um sistema denominado Ramal Apodi, uma etapa da obra que faz parte do chamado Eixo Norte da transposição. Por este ramal, as águas deverão correr por canais, túneis, aquedutos e barragens, totalizando 115,5 quilômetros de extensão.
Em solo potiguar, as obras da transposição afetarão famílias em Luís Gomes, Major Sales e José da Penha, por onde o ramal passará até chegar ao açude público de Pau dos Ferros, de onde as águas partirão até Angicos, já na região Central do estado. Ao final do percurso, 44 municípios devem ser beneficiados.
BLOG SERTÃO RN: http://sertaorn.blogspot.com/#ixzz4c93iFfef
REFORMA DA PREVIDÊNCIA
Ceifando os diferenciais da aposentadoria não contributiva
Exemplo de que os tempos são de retrocessos inexplicáveis é a tentativa de mudança nas regras do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e na aposentadoria rural, contida na proposta da reforma da Previdência do governo Temer (PEC 287).
Antes mesmo que o combate à pobreza se tornasse um dos pilares dos sistemas de proteção social, a Constituição de 88 passou a garantir aos pobres idosos (acima dos 65 anos) e aos portadores de deficiência um benefício não-contributivo, livre de condicionalidades, no valor de um salário mínimo, que lhes permitisse sobreviver dignamente.
Idem no caso das aposentadorias rurais. Também se assegurou aos pequenos produtores rurais em regime de economia familiar, logo com baixa capacidade contributiva, porque envolvidos com seu sustento, o direito a um benefício previdenciário, independente de contribuição prévia nos termos exigidos aos demais trabalhadores. O Brasil foi dos primeiros países em desenvolvimento a aplicar a regra vigente nas economias avançadas, que, através dos regimes de repartição simples, contempla com uma aposentadoria básica aqueles que não tiveram condições de contribuir plenamente.
Lá onde se fechou por completo a previdência pública impondo uma transição autoritária a um regime de capitalização, com base em contas individuais – Chile – foi preciso voltar atrás e reintroduzir aposentadorias públicas, notadamente de caráter não contributivo. Foi o que fez Michele Bachelet quando, no seu primeiro mandato, instituiu a pensão básica solidária. A partir dos 65 anos, quem não tiver aposentadoria e fizer parte dos 60% mais pobres da população tem direito ao pilar básico. A pensão básica solidária também cobre os portadores de deficiência. Lembra algo?
Qualquer análise acerca da evolução dos sistemas de proteção social no mundo, por mais superficial que seja, vai concluir que essa regra hoje se aplica aos países de renda média e renda média alta, como o Brasil. A África do Sul há décadas instituiu uma aposentadoria universal para seus idosos, sem vínculo prévio, e a nossa vizinha Bolívia ultrapassou a taxa de cobertura previdenciária do Brasil – hoje a segunda mais alta da América Latina – graças à Renda Dignidad, que usa os royalties do gás para oferecer a todos os seus anciãos, homens e mulheres, uma aposentadoria universal.
Mais do que isso, essa é a regra propugnada pelas agências multilaterais – leia-se Banco Mundial e associados. A chamada proteção econômica aos idosos foi transformada em paradigma. Não por acaso, somente na América Latina, entre 2000 e 2013, pelo menos 18 países adotaram uma aposentadoria não contributiva. Os méritos de uma política como essa se estimam de várias maneiras. A primeira é que dentre as pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza do Bolsa Família, menos de 1% são idosos. E uma das funções das aposentadorias, além de promover a suavização do consumo, oferecer um seguro contra riscos e promover a redistribuição é ser efetiva na redução da pobreza. Nesse quesito, novamente, o Brasil é referência.
Ora, o desenho da PEC 287 joga fora o que nos permitiu ser mais efetivos na luta contra a pobreza e a desigualdade nos anos recentes. Pretende eliminar o diferencial de menos cinco anos para a aposentadoria do trabalhador rural, estabelecendo idade mínima equivalente à do trabalhador urbano (65 anos). Ignora as condições assimétricas de trabalho e de vida entre o meio rural e o meio urbano, cujo hiato agudo perdura, como confirmam os estudos do IBGE.
Se faz isso em nome da uniformidade nas idades mínimas, como justificar, então, a elevação da idade de 65 para 70 anos para concessão do BPC aos idosos? A nova regra retroage a idade mínima para 70 anos, ou seja três anos a mais do que quando da criação do BPC (à época, a linha de corte era 67 anos, caindo para 65 na década de 2000). Penaliza, portanto, os mais vulneráveis ao lhes exigir cinco anos a mais para se aposentar que ao resto da população.
Por que dois pesos e duas medidas? Por que os mais miseráveis hão de penar mais tempo para obter uma renda de substituição na velhice? Por que discriminar mais uma vez quem foi discriminado a vida toda?
Há outro ponto crucial. O fim da vinculação do BPC e das aposentadorias rurais ao salário mínimo põe em risco o valor desses benefícios. A PEC não define como serão reajustados, podendo variar em função de interesses fiscais ou políticos, sem assegurar o patamar mínimo de consumo que justifica a existência de aposentadorias básicas.
A quase totalidade das aposentadorias rurais e a totalidade do BPC têm valor igual ao salário mínimo e beneficiam juntas uma população de aproximadamente 13 milhões de pessoas. Desvincular tais benefícios do salário mínimo vai certamente incentivar o êxodo rural e jogar lenha na favelização das periferias e áreas centrais. As consequências são previsíveis: vão desde o desabastecimento das pequenas cidades que dependem da agricultura familiar até a elevação dos preços dos alimentos, reforçando ainda a concentração fundiária.
A aposentadoria rural, ao alcançar 8,5 milhões de beneficiários, representa movimentação econômica e incremento do PIB para os pequenos municípios. Entre os 10% mais pobres, aposentadorias e pensões chegam a representar 17,1% do PIB dessas cidades. Para melhor apreender a magnitude desse impacto vale apontar que o pagamento de benefícios previdenciários representa um valor superior ao Fundo de Participação dos Municípios (FPM) em 70% dos municípios brasileiros.
O governo dá as costas a um modelo social que, com todas as suas debilidades, contemplou “avant la lettre” o paradigma dos pisos de proteção social que vingou no pós-crise de 2008. O lema é elevar e manter a renda dos idosos, desempregados, crianças e outros grupos expostos à insegurança econômica, com transferências em montante adequado ao grau de desenvolvimento de cada sociedade.
O Brasil não apenas engatou a marcha a ré, como avança na contramão das reformas efetuadas no resto do mundo. Claro está que esse governo desconhece regras elementares dos sistemas previdenciários contemporâneos. Pelo que se vê, a falta de conhecimento é mesmo sua marca registrada.
Lena Lavinas é Fellow 2016¬2017 do Wissenschaftskolleg (Institute for Advanced Study) de Berlim.
Denise Lobato Gentil é professora do Instituto de Economia da UFRJ.
FONTE: Lena Lavinas e Denise Gentil - Publicado no Valor
Exemplo de que os tempos são de retrocessos inexplicáveis é a tentativa de mudança nas regras do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e na aposentadoria rural, contida na proposta da reforma da Previdência do governo Temer (PEC 287).
Antes mesmo que o combate à pobreza se tornasse um dos pilares dos sistemas de proteção social, a Constituição de 88 passou a garantir aos pobres idosos (acima dos 65 anos) e aos portadores de deficiência um benefício não-contributivo, livre de condicionalidades, no valor de um salário mínimo, que lhes permitisse sobreviver dignamente.
Idem no caso das aposentadorias rurais. Também se assegurou aos pequenos produtores rurais em regime de economia familiar, logo com baixa capacidade contributiva, porque envolvidos com seu sustento, o direito a um benefício previdenciário, independente de contribuição prévia nos termos exigidos aos demais trabalhadores. O Brasil foi dos primeiros países em desenvolvimento a aplicar a regra vigente nas economias avançadas, que, através dos regimes de repartição simples, contempla com uma aposentadoria básica aqueles que não tiveram condições de contribuir plenamente.
Lá onde se fechou por completo a previdência pública impondo uma transição autoritária a um regime de capitalização, com base em contas individuais – Chile – foi preciso voltar atrás e reintroduzir aposentadorias públicas, notadamente de caráter não contributivo. Foi o que fez Michele Bachelet quando, no seu primeiro mandato, instituiu a pensão básica solidária. A partir dos 65 anos, quem não tiver aposentadoria e fizer parte dos 60% mais pobres da população tem direito ao pilar básico. A pensão básica solidária também cobre os portadores de deficiência. Lembra algo?
Qualquer análise acerca da evolução dos sistemas de proteção social no mundo, por mais superficial que seja, vai concluir que essa regra hoje se aplica aos países de renda média e renda média alta, como o Brasil. A África do Sul há décadas instituiu uma aposentadoria universal para seus idosos, sem vínculo prévio, e a nossa vizinha Bolívia ultrapassou a taxa de cobertura previdenciária do Brasil – hoje a segunda mais alta da América Latina – graças à Renda Dignidad, que usa os royalties do gás para oferecer a todos os seus anciãos, homens e mulheres, uma aposentadoria universal.
Mais do que isso, essa é a regra propugnada pelas agências multilaterais – leia-se Banco Mundial e associados. A chamada proteção econômica aos idosos foi transformada em paradigma. Não por acaso, somente na América Latina, entre 2000 e 2013, pelo menos 18 países adotaram uma aposentadoria não contributiva. Os méritos de uma política como essa se estimam de várias maneiras. A primeira é que dentre as pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza do Bolsa Família, menos de 1% são idosos. E uma das funções das aposentadorias, além de promover a suavização do consumo, oferecer um seguro contra riscos e promover a redistribuição é ser efetiva na redução da pobreza. Nesse quesito, novamente, o Brasil é referência.
Ora, o desenho da PEC 287 joga fora o que nos permitiu ser mais efetivos na luta contra a pobreza e a desigualdade nos anos recentes. Pretende eliminar o diferencial de menos cinco anos para a aposentadoria do trabalhador rural, estabelecendo idade mínima equivalente à do trabalhador urbano (65 anos). Ignora as condições assimétricas de trabalho e de vida entre o meio rural e o meio urbano, cujo hiato agudo perdura, como confirmam os estudos do IBGE.
Se faz isso em nome da uniformidade nas idades mínimas, como justificar, então, a elevação da idade de 65 para 70 anos para concessão do BPC aos idosos? A nova regra retroage a idade mínima para 70 anos, ou seja três anos a mais do que quando da criação do BPC (à época, a linha de corte era 67 anos, caindo para 65 na década de 2000). Penaliza, portanto, os mais vulneráveis ao lhes exigir cinco anos a mais para se aposentar que ao resto da população.
Por que dois pesos e duas medidas? Por que os mais miseráveis hão de penar mais tempo para obter uma renda de substituição na velhice? Por que discriminar mais uma vez quem foi discriminado a vida toda?
Há outro ponto crucial. O fim da vinculação do BPC e das aposentadorias rurais ao salário mínimo põe em risco o valor desses benefícios. A PEC não define como serão reajustados, podendo variar em função de interesses fiscais ou políticos, sem assegurar o patamar mínimo de consumo que justifica a existência de aposentadorias básicas.
A quase totalidade das aposentadorias rurais e a totalidade do BPC têm valor igual ao salário mínimo e beneficiam juntas uma população de aproximadamente 13 milhões de pessoas. Desvincular tais benefícios do salário mínimo vai certamente incentivar o êxodo rural e jogar lenha na favelização das periferias e áreas centrais. As consequências são previsíveis: vão desde o desabastecimento das pequenas cidades que dependem da agricultura familiar até a elevação dos preços dos alimentos, reforçando ainda a concentração fundiária.
A aposentadoria rural, ao alcançar 8,5 milhões de beneficiários, representa movimentação econômica e incremento do PIB para os pequenos municípios. Entre os 10% mais pobres, aposentadorias e pensões chegam a representar 17,1% do PIB dessas cidades. Para melhor apreender a magnitude desse impacto vale apontar que o pagamento de benefícios previdenciários representa um valor superior ao Fundo de Participação dos Municípios (FPM) em 70% dos municípios brasileiros.
O governo dá as costas a um modelo social que, com todas as suas debilidades, contemplou “avant la lettre” o paradigma dos pisos de proteção social que vingou no pós-crise de 2008. O lema é elevar e manter a renda dos idosos, desempregados, crianças e outros grupos expostos à insegurança econômica, com transferências em montante adequado ao grau de desenvolvimento de cada sociedade.
O Brasil não apenas engatou a marcha a ré, como avança na contramão das reformas efetuadas no resto do mundo. Claro está que esse governo desconhece regras elementares dos sistemas previdenciários contemporâneos. Pelo que se vê, a falta de conhecimento é mesmo sua marca registrada.
Lena Lavinas é Fellow 2016¬2017 do Wissenschaftskolleg (Institute for Advanced Study) de Berlim.
Denise Lobato Gentil é professora do Instituto de Economia da UFRJ.
FONTE: Lena Lavinas e Denise Gentil - Publicado no Valor
Temer recua e retira servidores estaduais e municipais da reforma da Previdência
O presidente Michel Temer afirmou nesta terça-feira (21) que vai retirar
servidores públicos estaduais e municipais da proposta de reforma da
Previdência. “Reforma da Previdência é para servidores federais”,
afirmou em pronunciamento no Palácio do Planalto junto a parlamentares
da base aliada.
Policiais militares já estavam fora da proposta, mas várias outras categorias de servidores de governos regionais seriam atingidas pelas mudanças.
Conforme antecipado pelo jornal Folha de S.Paulo, deputados federais buscavam empurrar a tarefa de definir as regras para a categoria para as assembleias estaduais. Segundo eles, a manobra facilitaria a aprovação do projeto de reforma da Previdência ao aliviar a pressão de categorias numerosas.
Sinalização
Na sexta-feira (17), dois dias depois de uma onda de protestos pelo país contra as reformas previdenciária e trabalhista, o presidente já havia dito que as propostas “muito provavelmente” iriam sofrer modificações no Congresso “num ou noutro ponto”. “Agora o senhor absoluto dessa matéria é o Congresso Nacional”, comentou, na ocasião.
Ele disse, no entanto, que não se podia “quebrar a espinha dorsal” do texto enviado pelo governo. “Se houver necessidade de modificações, nós não estamos infensos ou negando qualquer espécie de negociação. O que não podemos é quebrar a espinha dorsal da reforma da Previdência”, falou.
Ele defendeu a idade mínima estabelecida no projeto, de 65 anos, conforme outros países adotam. “Há três ou quatro países que a idade é segundo o critério que nós temos atualmente”, destacou. O presidente ainda citou o apoio que a maioria do Congresso dava ao governo e que isso garantia o encaminhamento das propostas.
NOTA DO BLOG: Esperamos que os brasileiros não se enganem pensando que esse senhor é bonzinho. Essa “marcha ré” que ele deu, foi em virtude da pressão popular, no entanto, não temos muito o que comemorar. Por exemplo: Em Angicos, os servidores municipais não têm regime de previdência própria, ou seja os funcionários municipais pagam INSS e serão sim afetados por essa PEC 287 “maldita”. Vamos continuar lutando, porque eles (políticos) estão criando artifícios para tentar aprovar a reforma da previdência sem causar alardes a população. Vamos Continuar atentos amigos. E quem Votar contra o trabalhador, não terá o voto do trabalhador. A Frase de efeito continua sendo essa, e tenho dito.
fonte do blog de angicos news
Policiais militares já estavam fora da proposta, mas várias outras categorias de servidores de governos regionais seriam atingidas pelas mudanças.
Conforme antecipado pelo jornal Folha de S.Paulo, deputados federais buscavam empurrar a tarefa de definir as regras para a categoria para as assembleias estaduais. Segundo eles, a manobra facilitaria a aprovação do projeto de reforma da Previdência ao aliviar a pressão de categorias numerosas.
Sinalização
Na sexta-feira (17), dois dias depois de uma onda de protestos pelo país contra as reformas previdenciária e trabalhista, o presidente já havia dito que as propostas “muito provavelmente” iriam sofrer modificações no Congresso “num ou noutro ponto”. “Agora o senhor absoluto dessa matéria é o Congresso Nacional”, comentou, na ocasião.
Ele disse, no entanto, que não se podia “quebrar a espinha dorsal” do texto enviado pelo governo. “Se houver necessidade de modificações, nós não estamos infensos ou negando qualquer espécie de negociação. O que não podemos é quebrar a espinha dorsal da reforma da Previdência”, falou.
Ele defendeu a idade mínima estabelecida no projeto, de 65 anos, conforme outros países adotam. “Há três ou quatro países que a idade é segundo o critério que nós temos atualmente”, destacou. O presidente ainda citou o apoio que a maioria do Congresso dava ao governo e que isso garantia o encaminhamento das propostas.
NOTA DO BLOG: Esperamos que os brasileiros não se enganem pensando que esse senhor é bonzinho. Essa “marcha ré” que ele deu, foi em virtude da pressão popular, no entanto, não temos muito o que comemorar. Por exemplo: Em Angicos, os servidores municipais não têm regime de previdência própria, ou seja os funcionários municipais pagam INSS e serão sim afetados por essa PEC 287 “maldita”. Vamos continuar lutando, porque eles (políticos) estão criando artifícios para tentar aprovar a reforma da previdência sem causar alardes a população. Vamos Continuar atentos amigos. E quem Votar contra o trabalhador, não terá o voto do trabalhador. A Frase de efeito continua sendo essa, e tenho dito.
fonte do blog de angicos news
REFORMA DA PREVIDÊNCIA
Ceifando os diferenciais da aposentadoria não contributiva
Exemplo de que os tempos são de retrocessos inexplicáveis é a tentativa de mudança nas regras do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e na aposentadoria rural, contida na proposta da reforma da Previdência do governo Temer (PEC 287).
Antes mesmo que o combate à pobreza se tornasse um dos pilares dos sistemas de proteção social, a Constituição de 88 passou a garantir aos pobres idosos (acima dos 65 anos) e aos portadores de deficiência um benefício não-contributivo, livre de condicionalidades, no valor de um salário mínimo, que lhes permitisse sobreviver dignamente.
Idem no caso das aposentadorias rurais. Também se assegurou aos pequenos produtores rurais em regime de economia familiar, logo com baixa capacidade contributiva, porque envolvidos com seu sustento, o direito a um benefício previdenciário, independente de contribuição prévia nos termos exigidos aos demais trabalhadores. O Brasil foi dos primeiros países em desenvolvimento a aplicar a regra vigente nas economias avançadas, que, através dos regimes de repartição simples, contempla com uma aposentadoria básica aqueles que não tiveram condições de contribuir plenamente.
Lá onde se fechou por completo a previdência pública impondo uma transição autoritária a um regime de capitalização, com base em contas individuais – Chile – foi preciso voltar atrás e reintroduzir aposentadorias públicas, notadamente de caráter não contributivo. Foi o que fez Michele Bachelet quando, no seu primeiro mandato, instituiu a pensão básica solidária. A partir dos 65 anos, quem não tiver aposentadoria e fizer parte dos 60% mais pobres da população tem direito ao pilar básico. A pensão básica solidária também cobre os portadores de deficiência. Lembra algo?
Qualquer análise acerca da evolução dos sistemas de proteção social no mundo, por mais superficial que seja, vai concluir que essa regra hoje se aplica aos países de renda média e renda média alta, como o Brasil. A África do Sul há décadas instituiu uma aposentadoria universal para seus idosos, sem vínculo prévio, e a nossa vizinha Bolívia ultrapassou a taxa de cobertura previdenciária do Brasil – hoje a segunda mais alta da América Latina – graças à Renda Dignidad, que usa os royalties do gás para oferecer a todos os seus anciãos, homens e mulheres, uma aposentadoria universal.
Mais do que isso, essa é a regra propugnada pelas agências multilaterais – leia-se Banco Mundial e associados. A chamada proteção econômica aos idosos foi transformada em paradigma. Não por acaso, somente na América Latina, entre 2000 e 2013, pelo menos 18 países adotaram uma aposentadoria não contributiva. Os méritos de uma política como essa se estimam de várias maneiras. A primeira é que dentre as pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza do Bolsa Família, menos de 1% são idosos. E uma das funções das aposentadorias, além de promover a suavização do consumo, oferecer um seguro contra riscos e promover a redistribuição é ser efetiva na redução da pobreza. Nesse quesito, novamente, o Brasil é referência.
Ora, o desenho da PEC 287 joga fora o que nos permitiu ser mais efetivos na luta contra a pobreza e a desigualdade nos anos recentes. Pretende eliminar o diferencial de menos cinco anos para a aposentadoria do trabalhador rural, estabelecendo idade mínima equivalente à do trabalhador urbano (65 anos). Ignora as condições assimétricas de trabalho e de vida entre o meio rural e o meio urbano, cujo hiato agudo perdura, como confirmam os estudos do IBGE.
Se faz isso em nome da uniformidade nas idades mínimas, como justificar, então, a elevação da idade de 65 para 70 anos para concessão do BPC aos idosos? A nova regra retroage a idade mínima para 70 anos, ou seja três anos a mais do que quando da criação do BPC (à época, a linha de corte era 67 anos, caindo para 65 na década de 2000). Penaliza, portanto, os mais vulneráveis ao lhes exigir cinco anos a mais para se aposentar que ao resto da população.
Por que dois pesos e duas medidas? Por que os mais miseráveis hão de penar mais tempo para obter uma renda de substituição na velhice? Por que discriminar mais uma vez quem foi discriminado a vida toda?
Há outro ponto crucial. O fim da vinculação do BPC e das aposentadorias rurais ao salário mínimo põe em risco o valor desses benefícios. A PEC não define como serão reajustados, podendo variar em função de interesses fiscais ou políticos, sem assegurar o patamar mínimo de consumo que justifica a existência de aposentadorias básicas.
A quase totalidade das aposentadorias rurais e a totalidade do BPC têm valor igual ao salário mínimo e beneficiam juntas uma população de aproximadamente 13 milhões de pessoas. Desvincular tais benefícios do salário mínimo vai certamente incentivar o êxodo rural e jogar lenha na favelização das periferias e áreas centrais. As consequências são previsíveis: vão desde o desabastecimento das pequenas cidades que dependem da agricultura familiar até a elevação dos preços dos alimentos, reforçando ainda a concentração fundiária.
A aposentadoria rural, ao alcançar 8,5 milhões de beneficiários, representa movimentação econômica e incremento do PIB para os pequenos municípios. Entre os 10% mais pobres, aposentadorias e pensões chegam a representar 17,1% do PIB dessas cidades. Para melhor apreender a magnitude desse impacto vale apontar que o pagamento de benefícios previdenciários representa um valor superior ao Fundo de Participação dos Municípios (FPM) em 70% dos municípios brasileiros.
O governo dá as costas a um modelo social que, com todas as suas debilidades, contemplou “avant la lettre” o paradigma dos pisos de proteção social que vingou no pós-crise de 2008. O lema é elevar e manter a renda dos idosos, desempregados, crianças e outros grupos expostos à insegurança econômica, com transferências em montante adequado ao grau de desenvolvimento de cada sociedade.
O Brasil não apenas engatou a marcha a ré, como avança na contramão das reformas efetuadas no resto do mundo. Claro está que esse governo desconhece regras elementares dos sistemas previdenciários contemporâneos. Pelo que se vê, a falta de conhecimento é mesmo sua marca registrada.
Lena Lavinas é Fellow 2016¬2017 do Wissenschaftskolleg (Institute for Advanced Study) de Berlim.
Denise Lobato Gentil é professora do Instituto de Economia da UFRJ.
FONTE: Lena Lavinas e Denise Gentil - Publicado no Valor
Exemplo de que os tempos são de retrocessos inexplicáveis é a tentativa de mudança nas regras do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e na aposentadoria rural, contida na proposta da reforma da Previdência do governo Temer (PEC 287).
Antes mesmo que o combate à pobreza se tornasse um dos pilares dos sistemas de proteção social, a Constituição de 88 passou a garantir aos pobres idosos (acima dos 65 anos) e aos portadores de deficiência um benefício não-contributivo, livre de condicionalidades, no valor de um salário mínimo, que lhes permitisse sobreviver dignamente.
Idem no caso das aposentadorias rurais. Também se assegurou aos pequenos produtores rurais em regime de economia familiar, logo com baixa capacidade contributiva, porque envolvidos com seu sustento, o direito a um benefício previdenciário, independente de contribuição prévia nos termos exigidos aos demais trabalhadores. O Brasil foi dos primeiros países em desenvolvimento a aplicar a regra vigente nas economias avançadas, que, através dos regimes de repartição simples, contempla com uma aposentadoria básica aqueles que não tiveram condições de contribuir plenamente.
Lá onde se fechou por completo a previdência pública impondo uma transição autoritária a um regime de capitalização, com base em contas individuais – Chile – foi preciso voltar atrás e reintroduzir aposentadorias públicas, notadamente de caráter não contributivo. Foi o que fez Michele Bachelet quando, no seu primeiro mandato, instituiu a pensão básica solidária. A partir dos 65 anos, quem não tiver aposentadoria e fizer parte dos 60% mais pobres da população tem direito ao pilar básico. A pensão básica solidária também cobre os portadores de deficiência. Lembra algo?
Qualquer análise acerca da evolução dos sistemas de proteção social no mundo, por mais superficial que seja, vai concluir que essa regra hoje se aplica aos países de renda média e renda média alta, como o Brasil. A África do Sul há décadas instituiu uma aposentadoria universal para seus idosos, sem vínculo prévio, e a nossa vizinha Bolívia ultrapassou a taxa de cobertura previdenciária do Brasil – hoje a segunda mais alta da América Latina – graças à Renda Dignidad, que usa os royalties do gás para oferecer a todos os seus anciãos, homens e mulheres, uma aposentadoria universal.
Mais do que isso, essa é a regra propugnada pelas agências multilaterais – leia-se Banco Mundial e associados. A chamada proteção econômica aos idosos foi transformada em paradigma. Não por acaso, somente na América Latina, entre 2000 e 2013, pelo menos 18 países adotaram uma aposentadoria não contributiva. Os méritos de uma política como essa se estimam de várias maneiras. A primeira é que dentre as pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza do Bolsa Família, menos de 1% são idosos. E uma das funções das aposentadorias, além de promover a suavização do consumo, oferecer um seguro contra riscos e promover a redistribuição é ser efetiva na redução da pobreza. Nesse quesito, novamente, o Brasil é referência.
Ora, o desenho da PEC 287 joga fora o que nos permitiu ser mais efetivos na luta contra a pobreza e a desigualdade nos anos recentes. Pretende eliminar o diferencial de menos cinco anos para a aposentadoria do trabalhador rural, estabelecendo idade mínima equivalente à do trabalhador urbano (65 anos). Ignora as condições assimétricas de trabalho e de vida entre o meio rural e o meio urbano, cujo hiato agudo perdura, como confirmam os estudos do IBGE.
Se faz isso em nome da uniformidade nas idades mínimas, como justificar, então, a elevação da idade de 65 para 70 anos para concessão do BPC aos idosos? A nova regra retroage a idade mínima para 70 anos, ou seja três anos a mais do que quando da criação do BPC (à época, a linha de corte era 67 anos, caindo para 65 na década de 2000). Penaliza, portanto, os mais vulneráveis ao lhes exigir cinco anos a mais para se aposentar que ao resto da população.
Por que dois pesos e duas medidas? Por que os mais miseráveis hão de penar mais tempo para obter uma renda de substituição na velhice? Por que discriminar mais uma vez quem foi discriminado a vida toda?
Há outro ponto crucial. O fim da vinculação do BPC e das aposentadorias rurais ao salário mínimo põe em risco o valor desses benefícios. A PEC não define como serão reajustados, podendo variar em função de interesses fiscais ou políticos, sem assegurar o patamar mínimo de consumo que justifica a existência de aposentadorias básicas.
A quase totalidade das aposentadorias rurais e a totalidade do BPC têm valor igual ao salário mínimo e beneficiam juntas uma população de aproximadamente 13 milhões de pessoas. Desvincular tais benefícios do salário mínimo vai certamente incentivar o êxodo rural e jogar lenha na favelização das periferias e áreas centrais. As consequências são previsíveis: vão desde o desabastecimento das pequenas cidades que dependem da agricultura familiar até a elevação dos preços dos alimentos, reforçando ainda a concentração fundiária.
A aposentadoria rural, ao alcançar 8,5 milhões de beneficiários, representa movimentação econômica e incremento do PIB para os pequenos municípios. Entre os 10% mais pobres, aposentadorias e pensões chegam a representar 17,1% do PIB dessas cidades. Para melhor apreender a magnitude desse impacto vale apontar que o pagamento de benefícios previdenciários representa um valor superior ao Fundo de Participação dos Municípios (FPM) em 70% dos municípios brasileiros.
O governo dá as costas a um modelo social que, com todas as suas debilidades, contemplou “avant la lettre” o paradigma dos pisos de proteção social que vingou no pós-crise de 2008. O lema é elevar e manter a renda dos idosos, desempregados, crianças e outros grupos expostos à insegurança econômica, com transferências em montante adequado ao grau de desenvolvimento de cada sociedade.
O Brasil não apenas engatou a marcha a ré, como avança na contramão das reformas efetuadas no resto do mundo. Claro está que esse governo desconhece regras elementares dos sistemas previdenciários contemporâneos. Pelo que se vê, a falta de conhecimento é mesmo sua marca registrada.
Lena Lavinas é Fellow 2016¬2017 do Wissenschaftskolleg (Institute for Advanced Study) de Berlim.
Denise Lobato Gentil é professora do Instituto de Economia da UFRJ.
FONTE: Lena Lavinas e Denise Gentil - Publicado no Valor
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