A Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e
Agricultoras Familiares (CONTAG) vê com bastante preocupação a aprovação
do Projeto de Lei 4302/98, na noite desta quarta-feira (22), no
Plenário da Câmara dos Deputados, que permite o uso da terceirização
ampla e irrestrita em todas as áreas das empresas rurais e urbanas.
Também foi aprovado um substitutivo do Senado para a matéria, que
aumenta de três para seis meses o tempo do trabalho temporário, prazo
que ainda pode ser alterado por meio de acordo ou convenção coletiva de
trabalho.
Para a CONTAG, a terceirização é a porta para a violação dos direitos
mínimos dos trabalhadores e trabalhadoras, tanto que 90% dos
trabalhadores (as) resgatados em situação análoga à escravidão são
terceirizados.
Com a ampliação da terceirização, os principais impactos serão o
comprometimento nos direitos trabalhistas, a diminuição dos salários e a
segurança e garantia para os trabalhadores e para as trabalhadoras,
Estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos (Dieese) apontou que, em média, um(a) trabalhador(a)
terceirizado(a) trabalha até três horas a mais por semana e ganha 27%
menos que um empregado(a) direto.
É importante compreender que o que se busca com a terceirização é
justamente a ampliação dos lucros a partir da precarização deliberada
das condições de trabalho, e a comprovação disto é que os Empresários e
seus representantes no parlamento sempre se recusaram e se recusam a
responder solidariamente pelas violações de direitos que venham a ser
cometidas pelas prestadoras de serviço.
A CONTAG, as Federações e Sindicatos veem com preocupação das
manobras adotadas pelo Congresso Nacional com o apoio do governo e que
colocam em risco todos os direitos conquistados pela classe trabalhadora
ao longo das últimas décadas, e descartam os avanços obtidos a partir
da aprovação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Estamos vivendo uma onda de retrocessos e precisamos unir forças,
trabalhadores(as) rurais e urbanos(as). Nem mesmo o enfrentamento ao
trabalho escravo está livre destas ameaças. Este mesmo governo que lutou
pela aprovação da terceirização luta para a redução do conceito de
trabalho escravo e tem recorrido à justiça para não divulgar a lista de
empregadores que exploram mão de obra escrava. Precisamos nos unir para
que mais nenhum direito seja retirado. Não ao retrocesso de direitos!
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FONTE: A Diretoria da CONTAG |
quinta-feira, 23 de março de 2017
CONTAG denuncia retrocessos nos direitos trabalhistas com aprovação da terceirização
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