A Confederação Nacional dos
Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares vem a
público manifestar sua preocupação com os desdobramentos da “Operação
Carne Fraca” deflagrada pela Polícia Federal, cujos reflexos atingem os
agricultores familiares que produzem para os sistemas integrados de
carnes de frango, suína e bovina que abastecem o mercado nacional e
internacional.
A CONTAG reafirma que é contra
qualquer esquema de suborno, fraude ou corrupção no sistema de
fiscalização na estrutura das grandes empresas frigoríficas que abatem,
processam e comercializam carnes e seus derivados para o mercado
nacional e internacional. A entidade cobra das autoridades competentes a
apuração dos fatos e a devida punição dos envolvidos pelos crimes
cometidos, sejam eles do setor público ou privado, assegurando à
população brasileira a lisura e a transparência no sistema de
fiscalização e controle do abate, beneficiamento e comercialização das
carnes produzidas em nosso País.
A CONTAG também cobra das autoridades
competes e do Diretor Geral da Polícia Federal maior rigor, compromisso e
responsabilidade na apuração e divulgação das ações de investigação
deste órgão. Para assim, evitar os espetáculos midiáticos que maculam e
agridem importantes setores produtivos que não são objeto de
investigação e que trabalham dentro dos parâmetros legais para o
fortalecimento da nossa economia.
Os reflexos decorrentes desta Operação
já são sentidos pelo setor produtivo com a retração no consumo de
carnes no mercado nacional e da suspensão dos contratos de importação de
carnes do Brasil que, por consequência, afetará milhares de
agricultores e agricultoras familiares que se dedicam à produção de
frango e suínos, sobretudo nos estados do sul do País.
A CONTAG segue atenta avaliando o
comportamento do mercado consumidor de carnes e cobrará medidas e ações
concretas do Governo Federal para minimizar os efeitos negativos sobre
as atividades dos agricultores e agricultoras familiares na produção de
frangos, suínos e bovinos para o abate. Não podemos conceber que mais
uma desastrosa ação das nossas instituições públicas afete a economia e
prejudique milhares de agricultores familiares que produzem alimentos
para o Brasil.
É preciso que o Governo Federal,
Governos Estaduais e as organizações do setor produtivo e do(a)
consumidor(a) de carnes aproveitem este momento para promover um debate
nacional sobre a sustentabilidade do sistema de produção de carnes
centrado nas mãos dos grandes conglomerados agroindustriais; sobre a
melhoria da eficiência do sistema de inspeção e fiscalização
compartilhada entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento e o Ministério da Saúde, com a participação da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA); sobre a valorização e
ampliação do sistema de inspeção e fiscalização sanitária pelos
municípios e estados e o fortalecimento do Sistema Unificado de Atenção à
Sanidade Agropecuária (SUASA), o fortalecimento da produção familiar de
carnes integradas às pequenas agroindústrias de beneficiamento e
processamento de carnes, com menor impacto ambiental, melhor
distribuição de renda nos estados e municípios e atendendo as exigências
do mercado, observando as tradições e cultura do(a) consumidor(a) local
e regional.
Melhorar o setor produtivo e
industrial para assegurar ao consumidor(a) brasileiro(a) e
estrangeiro(a) carne de boa qualidade depende dos órgãos públicos, do
setor agroindustrial e de nós, consumidores.
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FONTE: Diretoria da CONTAG | |
quarta-feira, 29 de março de 2017
NOTA DA CONTAG SOBRE A “OPERAÇÃO CARNE FRACA”
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