Com o objetivo de conscientizar os(as) jovens sobre a responsabilidade que assumem como representantes do futuro do planeta, hoje (12 de agosto) é celebrado o Dia Internacional da Juventude, estabelecido através de resolução da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em 1999, em resposta à recomendação da Conferência Mundial de Ministros Responsáveis pela Juventude, reunida em Lisboa, de 8 a 12 de Agosto de 1998.
Nesta ocasião do Dia Internacional da Juventude, a Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG) através da sua Secretaria de Jovens, participa e partilha várias questões relacionadas aos jovens rurais, no Webinar “Juventude, Sindicato e Democracia - Batalhando pelo nosso futuro”, promovido pela União Internacional das Associações de Trabalhadores em Alimentos, Agricultura, Hotelaria, Restauração, Tabaco e Afins (UITA), na qual Mônica Bufon é presidenta do seu Comitê Internacional de Juventude, desde 2019.
O Webinar “Juventude, Sindicato e Democracia - Batalhando pelo nosso futuro”, busca respostas para vários questionamentos: Quais são os principais problemas dos trabalhadores e trabalhadoras jovens no seu setor? Como esses problemas se agravaram no contexto da crise da Covid-19 para trabalhadores e trabalhadoras jovens? Quais serão os maiores desafios para os trabalhadores e trabalhadoras jovens do seu setor quando sairmos dessa pandemia?
“O Webinar reúne cerca de 500 jovens de todo o mundo e de diversos setores da UITA, com boa participação de brasileiros(as), para debater sobre os desafios diante da pandemia provocada pela Covid-19, com um recorte a acerca da situação dos(as) jovens no mundo do trabalho. Os(as) jovens são os(as) mais fragilizados(as), os(as) mais expostos(as) a contaminação e os mais sujeitos a demissão”, alertou a secretária de Jovens da CONTAG e presidenta do Comitê Internacional de Juventude da UITA.
No Dia Internacional da Juventude, a Secretaria de Jovens da CONTAG também lembra a importância do Documento construído a partir dos debates realizados no 1º Festival Juventude Rural Conectada - Construindo um Mundo Novo, que aconteceu de 6 a 8 de agosto de 2020, no Portal e Redes Socais da CONTAG.
O documento entregue à Diretoria da CONTAG, mas dirigido a toda a sociedade, tem como pontos centrais: a importância da participação política da juventude no processo eleitoral, respeito às diversidades, inclusão e representação política de pessoas LGBTQIA+ e negras, novas formas de comercialização e a agroecologia.
“O Documento traz os principais anseios da juventude do campo que precisam ser dialogados com o conjunto do Sistema CONTAG (CONTAG, Federações e Sindicatos) e com os poderes Executivo e Legislativo, para conquistarmos e implementarmos políticas para a juventude rural. As questões apontada no Documento também será trabalhadas no documento base do 13º Congresso da CONTAG”, afirma Mônica Bufon.
Documento 1º Festival Juventude Rural Conectada Construindo um mundo novo Desde março de 2020, o Brasil enfrenta as consequências sociais, econômicas e políticas da pandemia do novo coronavírus. O isolamento social necessário para evitar que essa doença se espalhe demandou o adiamento de inúmeros eventos sociais, entre eles o nosso 4º Festival Nacional da Juventude Rural, que reuniria cinco mil jovens em Brasília no início de maio deste ano. Às perguntas que queríamos responder naquele momento, juntaram-se outras: “Como será o mundo depois da pandemia?”. “Como o novo coronavírus está mudando nosso comportamento?”. “O que é o novo normal?”. No meio do luto de milhares de famílias, do caos econômico e das incertezas políticas, tentamos encontrar a linha do horizonte. Nós, jovens rurais, queremos fazer parte das respostas a essas perguntas e participar da construção desse novo mundo que precisará ser erguido por todos nós. Queremos contribuir para dizer o que deve ser o tal “novo normal”. Para isso, a juventude rural se desafiou, desde março, descobrindo por meio das redes sociais os caminhos para debater sobre os temas que mobilizam os e as jovens do campo, floresta e águas. Esses caminhos levaram à construção coletiva do 1º Festival Juventude Rural Conectada, a primeira ação de massa virtual do Movimento Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, realizada nos dias 06, 07 e 08 de agosto de 2020 e que foi visualizado por cerca de 90 mil pessoas, entre jovens e suas famílias, por todas as redes sociais e site da CONTAG. Mesmo diante da realidade de que 70% dos municípios rurais não têm acesso à rede mundial de computadores, milhares de jovens e suas famílias se conectaram nesses três dias para registrar na história seus comentários e reações diante do que foi dito sobre o papel do processo eleitoral de 2020 diante dos impactos do novo coronavírus nos municípios, sobre o respeito às diversidades, sobre novas práticas de comercialização e sobre a necessidade de produzir de maneira agroecológica. E, claro, a importância da atuação do movimento sindical em cada um desses aspectos. São muitos outros os desafios da juventude rural além dos que puderam ser discutidos em nosso festival. As próprias limitações tecnológicas, principalmente o acesso à internet, telefonia e outras formas de conexão sempre estiveram na pauta da juventude rural, mas a pandemia mostrou que essa é uma necessidade que deve ser incluída entre as demandas urgentes para o meio rural. A exclusão digital vai aumentar ainda mais a desigualdade social, como podemos ver no processo de ensino remoto que está caminhando, aos tropeções, em nosso país. Foi preciso uma grande mobilização da juventude rural e de diversas outras categorias para pressionar pelo adiamento do Enem 2020, uma vez que uma ampla maioria dos estudantes não têm acesso à internet nem a aparelhos de computadores. Em um mundo cada vez mais tecnológico e conectado, isso significa excluir ainda mais a juventude de processos importantes da sociedade. Fica cada vez mais evidente a necessidade de investir em educação no campo, com pedagogia da alternância e conteúdos adequados às nossas realidades. E também em saúde pública de qualidade no meio rural, e de políticas públicas de apoio à produção, de acesso aos mercados para a juventude rural. Nós defendemos um Estado forte e uma democracia sólida.O processo eleitoral de 2020 terá consequências no projeto político que defendemos para 2022 e para o futuro de nosso País. Por isso, precisamos eleger representantes que defendam nossas bandeiras e possam efetivamente contribuir para a valorização da agricultura familiar e desenvolvimento sustentável e solidário do campo. Precisamos garantir que nosso Plano Nacional de Sucessão Rural, construído pelas mãos da juventude rural de todo o país nos anos 2015 e 2016, saia da gaveta e se torne realidade. Por isso, nós, jovens rurais, sabemos da importância da representação política. Sabemos, por meio da luta por representação dentro do movimento sindical, como é importante que nossas demandas sejam ditas por nossa própria voz. Há 20 anos avançamos nessa luta, na qual não podemos retroceder. Construir um mundo novo é valorizar o sindicato como espaço de luta coletiva, onde todas as ideias são ouvidas e respeitadas, onde o objetivo é a dignidade de toda a classe trabalhadora. A luta da juventude dentro do movimento sindical garante que a pauta da sucessão rural e todas as questões relacionadas a ela estejam sempre presentes e que nós, jovens, tenhamos condições e autonomia para defendê-las. Por isso, acreditamos na luta pelo respeito às diversidades. As diferenças nos fortalecem. Assim como a monocultura acaba enfraquecendo o solo, é a diversidade que caracteriza a abundância da natureza. Em um novo mundo, o novo normal deve ser antirracista, deve respeitar a todos independentemente de quem amam, de como se vestem, para quem rezam. O sangue de todos nós é vermelho e todos nós viemos da mesma fonte criadora da vida. Temos entre nossos desafios como movimento sindical o de contemplar a pauta das pessoas LGBTQIA+ no mundo do trabalho e dialogar sobre os conflitos religiosos vivenciados sobre essa questão, assim como enfrentar o conservadorismo e o preconceito, buscando estratégias para informar e dialogar com as famílias para que entendam e respeitem a orientação de seus entes queridos, inclusive como estratégia para sucessão rural. Somos agentes de transformação social. Precisamos fortalecer a valorização da nossa identidade como jovens rurais. E para 70% de nós, parte dessa identidade inclui o fato de ser negro ou negra. Entre nossos desafios enquanto parte do movimento sindical, está o de nos preparar para despertar nossas consciências sobre a história do povo negro no Brasil, para lidar com o preconceito e o racismo estrutural de nossa sociedade, que está na raiz de toda a desigualdade e de todo o sangue derramado em nosso chão. Diante de tantas incertezas e desafios, a cultura manteve nossa sensação de fazer parte de uma unidade, de estar junto com nossos irmãos e irmãs brasileiros vibrando os mesmos sentimentos de esperança. E a esperança não ter cor, não tem gênero. A esperança não morre, principalmente para quem enfrenta desafios diários tão duros como os da lida do campo. Somos especialistas em incertezas: esperamos a chuva, mas pode vir estiagem. Ou quem sabe inundação. Os preços podem cair, pode vir uma nuvem de gafanhotos, os animais podem adoecer… mas estamos todos os dias na luta, sem esmorecer. A juventude rural mostra que a hora de lutar por um mundo novo é sempre agora. O novo normal não é feito apenas de máscaras, álcool gel e videoconferências. O novo normal deve ser valorizar a agricultura familiar, valorizar a vida e o trabalho de quem produz os nossos alimentos, deve ser cuidar da água, das florestas, cuidar dos mais vulneráveis. Essa pandemia deixou ainda mais claro como é importante valorizar cada vez mais as relações humanas. Diante desse cenário, os jovens rurais construíram o 1º Festival Juventude Rural Conectada para mostrar que estamos juntos, mentes e corações, para construir uma realidade nova, sempre melhor. |
FONTE: Comunicação CONTAG- Barack Fernandes |
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